terça-feira, 30 de agosto de 2011

RAIOS!




Sobre a IX OLIMPÍADAS.
Um velho cigano velho apareceu na casa dos meus avós, eu tinha oito anos, disse-me ele em tom profético, olhando pros meus braços quebrados:
- Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar!
Nem era inverno. Aquele velho devia estar louco... Muito sol, areia, cactos, por que cairia um raio justamente agora? E se caísse, que diferença faria se fosse no mesmo lugar? O burro do Zé do Burro, não deixaria o pobre Nicolau embaixo daquela árvore de novo.
Me intrigava as profecias do homem do campo... Não, não... Imagina só o sertão todo azul, aquele azulzinho celeste. Mas um raio cair duas vezes no mesmo lugar? Logo no verão? Era uma profecia difícil de ser realizada, a não ser... Não, impossível!
Meu pai enquanto jogava cartas com os amigos, repetia preguiçosamente:
- Um raio que o parta!
E era um raio que o parta pracá, pralá, prali, e imaginei que seria o mesmo raio do cigano, pra ser uma viagem só, Deus sempre gostou disso, primeiro o dilúvio, depois a guerra santa, a segunda guerra, agora tem a fome, etc., vários coelhos com uma porrada só.
Quando cresci, e principalmente vivi em Santa Quitéria, presenciei a queda de dois raios no mesmo lugar, partindo o mesmo ser, descortinando as mesmas pessoas, e não foi Deus quem os mandou, foi o homem mesmo, e logo eles, e não é que a história se repetiu... Como pode, uma ser entender de disso e julgar aquilo? É abstrato demais, aliás, abstração é o que menos importa, o sentido tecnicista é primazia do pensamento cultural das pessoas que compõe essa secretaria, que fica condicionada a ideia superficial de cultura de massa, isso deve ser arte e isso não é arte... E tutti frutti... E por que será que não valorizamos a cultura quiteriense, ou não temos cultura? Me julgas pessimista? Eu não acreditei na história dos raios, apenas as mal interpretei.
Julgador de música julga música. Julgador de dança, julga dança. Julgador de artes, julga artes, julgador de teatro, julga teatro. E nós que julgamos a todos, que um raio nos parta!
E vamos ao teatro.
NACÉLIO R. LIMA

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