I- NARRAÇÃO

Narrar é contar um fato, um episódio; todo discurso em que algo é CONTADO possui os seguintes elementos, que fatalmente surgem conforme um fato vai sendo narrado:
                                     onde ?
                                        |
         quando?  ---      FATO    --- com quem?
                                        |
                                    como?
 A representação acima quer dizer que, todas as vezes que uma história é contada (é NARRADA), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu o episódio.

É por isso que numa narração predomina a AÇÃO: o texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, maioria dos VERBOS que compõem esse tipo de texto são os VERBOS DE AÇÃO. O conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de texto, recebe o nome de ENREDO.
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas PERSONAGENS, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado ("com quem?" do quadro acima). As personagens são identificadas (=nomeadas) no texto narrativo pelos SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS.
Quando o narrador conta um episódio, às vezes( mesmo sem querer) ele acaba contando "onde" (=em que lugar)  as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ação ou ações  é chamado de ESPAÇO, representado no texto pelos ADVÉRBIOS DE LUGAR.
Além de contar onde , o narrador também pode esclarecer "quando" ocorreram as ações da história. Esse elemento da narrativa é o TEMPO, representado no texto narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente pelos ADVÉRBIOS DE TEMPO.

É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu. A história contada, por isso, passa por uma INTRODUÇÃO (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo DESENVOLVIMENTO do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o "miolo" da narrativa, também chamada de trama) e termina com a CONCLUSÃO da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história é o NARRADOR,  que pode ser PESSOAL (narra em 1a pessoa : EU...) ou IMPESSOAL (narra em 3a. pessoa: ELE...).

Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada.

II - DESCRIÇÃO

Descrever é CARACTERIZAR alguém, alguma coisa ou algum lugar através de características que particularizem o caracterizado em relação aos outros seres da sua espécie. Descrever, portanto, é também particularizar um ser. É "fotografar" com palavras.

No texto descritivo, por isso, os tipos de verbos mais adequados (mais comuns) são os VERBOS DE LIGAÇÃO (SER, ESTAR, PERMANECER, FICAR, CONTINUAR, TER, PARECER, etc.), pois esses tipos de verbos ligam as características - representadas linguisticamente pelos ADJETIVOS - aos seres  caracterizados - representados pelos SUBSTANTIVOS.

Ex. O pássaro é azul . 1-Caractarizado: pássaro / 2-Caracterizador ou característica: azul / O verbo que liga 1 com 2 : é
Num texto descritivo podem ocorrer tanto caracterizações objetivas (físicas, concretas), quanto subjetivas (aquelas que dependem do ponto de vista de quem descreve e que se referem às características não-físicas do caracterizado). Ex.: Paulo está pálido (caracterização objetiva), mas lindo! (carcterização subjetiva).  

III- DISSERTAÇÃO

Além da narração e da descrição há um terceiro tipo de redação ou de discurso: a DISSERTAÇÃO.
Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito de um determinado tema, expressando o ponto de vista de quem escreve em relação a esse tema. Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira convincente, ou seja, de maneira que elas sejam compreendidas e aceitas pelo leitor ; e isso só acontece quando tais opiniões estão bem fundamentadas, comprovadas, explicadas, exemplificadas, em suma: bem ARGUMENTADAS (argumentar= convencer, influenciar, persuadir). A argumentação é o elemento mais importante de uma dissertação.
Embora dissertar seja emitir opiniões, o ideal é que o seu autor coloque no texto seus pontos de vista como se não fossem dele e sim, de outra pessoa ( de prestígio, famosa, especialista no assunto, alguém...), ou seja, de maneira IMPESSOAL, OBJETIVA e sem prolixidade ("encher lingüiça"): que a dissertação seja elaborada com VERBOS E PRONOMES EM TERCEIRA PESSOA. O texto impessoal soa como verdade e, como já citado, fazer crer é um dos objetivos de quem disserta.
Na dissertação, as idéias devem ser colocadas de maneira CLARA E COERENTE e organizadas de maneira LÓGICA:
a) o elo de ligação entre pontos de vista e argumento se faz de maneira coerente e lógica através das CONJUNÇÕES (=conectivos) - coordenativas ou subordinativas, dependendo da idéia que se queira introduzir e defender; é por isso que as conjunções são chamadas de MARCADORES ARGUMENTATIVOS.
b) todo texto dissertativo é composto por três partes coesas e coerentes: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO.
A introdução é a parte em que se dá a apresentação do tema, através de um CONCEITO ( e conceituar é GENERALIZAR, ou seja, é dizer o que um referente tem em comum em relação aos outros seres da sua espécie) ou através de QUESTIONAMENTO(s) que ele sugere, que deve ser seguido de um PONTO DE VISTA e de seu ARGUMENTO PRINCIPAL. Para que a introdução fique perfeita, é interessante seguir esses passos:
  1. Transforme o tema numa pergunta;
  2. Responda a pergunta ( e obtém-se o PONTO DE VISTA);
  3. Coloque o porquê da resposta ( e obtém-se o ARGUMENTO).
O desenvolvimento contém as idéias que reforçam o argumento principal, ou seja, os ARGUMENTOS AUXILIARES e os FATOS-EXEMPLOS ( verdadeiros, reconhecidos publicamente).
A conclusão é a parte final da redação dissertativa, onde o seu autor deve "amarrar" resumidamente ( se possível, numa frase) todas as idéias do texto para que o PONTO DE VISTA inicial se mostre irrefutável, ou seja, seja imposto e aceito como verdadeiro.
Antes de iniciar a dissertação, no entanto, é preciso que seu autor: 1. Entenda bem o tema; 2. Reflita a respeito dele;3. Passe para o papel as idéias que o tema lhe sugere; 4. Faça  a organização textual ( o "esqueleto do texto"), pois a quantidade de idéias sugeridas pelo tema é igual a quantidade de parágrafos que a dissertação terá no  DESENVOLVIMENTO do texto.

PARTES DA REDAÇÃO


A redação divide-se em tema, título, introdução, desenvolvimento e conclusão.
              A redação pode ser em primeira ou terceira pessoa, ou mista, tal como no caso da literatura russa, vista em algumas obras de Dostoiévski.
           O tema é o foco do trabalho, o assunto que será desenvolvido.
           O título deve ser condizente com o tema. Ex: Se o tema for ecologia, o título deve ser a respeito dele, tipo “A fauna brasileira”.
           A introdução deve, na forma clássica, versar sobre três itens que serão desdobrados nos três parágrafos seguintes, no caso; um item por parágrafo. Ex: A fauna brasileira possui uma intrínseca relação com o meio ambiente. É nesse meio entre o homem e a fauna que estabelece-se a relação homem-natureza.
           No caso, fauna brasileira, meio-ambiente e homem-natureza serão as três primeiras palavras-chave, uma para cada parágrafo.
           O desenvolvimento consiste em três parágrafos após a introdução, um parágrafo por palavra-chave, na ordem em que surgiu.
           A média de linhas para cada parágrafo da redação fica em torno de 06, sendo 04 linhas o mínimo. Procure nunca ultrapassar 08 linhas por parágrafo.
           A conclusão é a síntese, resumo sintético da introdução e do desenvolvimento. Na conclusão é obrigatório um início técnico, como por exemplo: “De acordo com o acima exposto, concluo que...”, “dado o desenvolvimento posto, chego à conclusão de que...”, “Sendo assim, concluímos que...”, etc...
           Após o início da conclusão, coloca-se o resumo das palavras-chave, na ordem em que foram desenvolvidas, é um resumo do desenvolvimento.
           Abaixo, um esquema da redação.

ESQUEMA DA REDAÇÃÕ ( PASSO A PASSO ).

1-Tema.
2-Título.
3-Introdução.
3.1-Palavras-chave da introdução.
4-Desenvolvimento( Três parágrafos ).
4.1-Primeira palavra-chave.
4.2-Segunda palavra-chave.
4.3-Terceira palavra-chave.
5-Conclusão( E assim concluímos que...+ síntese das palavras-chave e término( uma reflexão ou consideração final).

Exercício: Elabore uma redação sobre qualquer tema de acordo com o esquema acima, uma redação por dia por 10 dias. Após, compare a décima redação com a primeira, aponte algumas diferenças que você percebeu na estrutura das duas e faça a décima –primeira redação sobre esse tema.

CUIDADOS QUE DEVEMOS TER AO REDIGIR UM TEXTO:

1ª. A (minúsculo).
Faça-o um pouco achatado, com os contornos fechados (e não abertos), sem qualquer traço no meio dele.
2ª. ABAIXO-ASSINADO.
É um documento assinado por várias pessoas, que contém pedido, reivindicação ou manifestação de protesto.
3ª. ABREVIAÇÕES.
Escreva as palavras por extenso. As abreviações são consideradas incorretas. Portanto, não use abreviações quando no corpo do texto de sua redação.
ERRADO
CERTO
P/, c/, tá, pra, qdo
Para, com, está, para, quando
Prof., edif., pop
Professor, edifício, população
Fone, cine
Telefone, cinema
4ª. ABSURDO.
Use o raciocínio absurdo, a percepção exagerada dos fatos, para sugerir a visão alterada da personagem.
Embriagado, achou que a mulher estava conversando com o amante e atirou no seu próprio cunhado.
Achava que o cãozinho estava silencioso apenas para ludibriá-lo, que preparava um ataque feroz; talvez até saltasse no seu pescoço em um momento de distração.
5ª. AÇÃO.
    Quando quiser, em narrações, fazer sentir a atenção dada pela personagem às próprias ações, mostre os pormenores da cena.
Colocou cuidadosamente o cristal sobre a mesa, pegando a taça com a ponta dos dedos, pressionando-a levemente, mas com firmeza. Aproximava-a da mesa muito lentamente, quase sem fazer barulho algum ao tocá-la.
          Se desejar mostrar ações sucessivas da personagem, efetuadas sem pressa e valorizadas uma a uma, separe-as em períodos diferentes.
Entrou na sala. Caminhou lentamente em direção ao cofre. Observou se o sistema de segurança estava desativado. Tirou o quadro da parede. Passou a girar lentamente o segredo do cofre, escutando atentamente quando daria o estalo que lhe permitiria abri-lo com segurança.
Para construir na narrativa a idéia de rapidez, use períodos curtos. Se buscar transmitir a sensação de um longo tempo transcorrido, use frases extensas.
Correu até o outro lado da rua. Girou a chave na fechadura. Entrou no prédio. Acenou para o porteiro. Entrou no elevador.
Estacionou o carro na frente do prédio, observando se a esposa já havia descido. Abriu a caixa de discos, escolhendo o que faria a mulher lembrar dos tempos de namoro. Reclinou o banco do automóvel, baixando o volume do rádio; pensou que a mulher estava atrasada; devia estar escolhendo seu melhor vestido ou talvez terminando de fazer a maquiagem com o cuidado que a ocasião merecia.
          6ª. ACENTOS.
    Coloque-os com clareza e corretamente, e não simples traços displicentes (em pé ou deitados). O acento grave, levemente voltado para a esquerda; o agudo, levemente inclinado para a direita.
Tanto o acento grave, quanto o agudo e o circunflexo, devem ser colocados bem próximos das respectivas letras e bem centralizados (e não distantes e de lado).
O acento não pode ser um risquinho qualquer, torto, deformado, ilegível. Tem que ser escrito de maneira correta, clara e precisa.
    Faça-os de tamanho normal, nem demasiado grandes, nem demasiado pequenos.
7ª. ACENTUAÇÃO.
    Verifique sempre  a  acentuação dos vocábulos.
    Procure conhecer as regras de acentuação sem, contudo, decorá-las como papagaio.
    Uma técnica de aprendizagem infalível: Estude o assunto, por exemplo, em mais de dois autores, fazendo, depois, os respectivos exercícios. Proceda da mesma forma com os demais assuntos de gramática, que jamais precisará tomar curso de Português desse capítulo.
8ª. ALFABETO.
Procure não inovar, por sua conta, o alfabeto da língua portuguesa, a ponto de tornar sua letra praticamente irreconhecível.
9ª. ALITERAÇÃO.
É a repetição de fonemas-consoantes, que resulta num resultado sonoro específico.
Velho vento vagabundo...
Chove chuva choverando.
Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando.
10ª. AMBIGÜIDADE OU ANFIBOLOGIA.
Evite frases ambíguas (confusas) ou de duplo sentido. Ocorrem em consequência da má pontuação ou da má colocação das palavras.
A ambiguidade deve ser evitada com a utilização de termos que expressem clara e objetivamente o que se pretende mostrar.

FRASES AMBÍGUAS
CORRIJA AS EXPRESSÕES GRIFADAS PARA
OU

Alice saiu com sua irmã.
a irmã dela
a irmã de uma amiga
Vi José beijando sua namorada.
a namorada dele
a namorada de um amigo
Um ladrão foi preso em sua casa.
na casa dele
na casa da vítima
João ficou com Mariana em sua casa.
na casa dela
na casa dele
Pintaram o quarto da casa em que durmo.
no qual durmo
na qual durmo

11ª. ANULADA.
A redação poderá ser anulada, ou receber nota zero, se:
Estiver ilegível.
Fugir do assunto.
For escrita a lápis.
For escrita com rasuras e sem título.
For apresentada sob a forma de verso.
Não obedecer ao espaço e ao número de parágrafos determinados.
        Não seguir as instruções relativas ao tema escolhido.
Tiver menos ou mais linhas do que a quantidade preestabelecida.
        Contiver cópias das ideias do texto de motivação, quando este for dado.
Contiver elemento que identifique o candidato (como letra de forma ou de imprensa, por exemplo).
12ª. APOSTO.
Use o aposto — explicação sobre um termo ou expressão da frase — quando, ao mesmo tempo que caracterizar, você pretender explicar a própria atitude da personagem.
Mariana, enfurecida, arremessou o valioso colar no rio.
A Universidade pública deve ser defendida por todos, ricos ou pobres.
O estudo do Romeno, língua neolatina como o Português, pode ser bastante facilitado com o uso de uma gramática comparativa.
13ª. ARGUMENTAR.
Não comece a redação com períodos longos. Exponha logo suas ideias.
Não fundamente seus argumentos com fatos que não sejam de domínio público.
Os argumentos do desenvolvimento da redação devem surpreender o leitor. Suas ideias precisam ser saborosas para atrair sua atenção.
Dê sua opinião, argumentando. Não use expressões como eu acho, eu penso, para mim ou quem sabe, pois denotam imprecisão em suas ponderações. É preciso mostrar conhecimento e domínio sobre o tema que está escrevendo.
14ª. ARTIGO, PREPOSIÇÃO: A, À, PARA, PARA A.
A (artigo): Fui a Salvador (fui e voltei logo).
PARA (preposição). Fui para Salvador (fui e vou passar alguns dias ou morar lá).
    À (craseado): Fui à fazenda (fui e voltei logo).
PARA A (preposição + artigo): Fui para a fazenda (fui e vou passar alguns dias ou morar lá).
15ª. ASPAS.
    Vêm entre aspas:
        Os estrangeirismos (as palavras estrangeiras): “Pizzaria”, “mobylette”, “show”, “vídeo game”. Observação: Matinê, buate e pingue-pongue, no entanto, não vêm entre aspas, por serem estrangeirismos aportuguesados.
Os apelidos: “Zezinho”, “Juca”, “Nice”.
        As citações que não sejam de sua autoria: “Oxalá não se me fechem os olhos sem que o queira Deus”. (Rui Barbosa). “Se viveres com dignidade, não melhorarás o mundo, mas uma coisa é certa, haverá na terra um canalha a menos” (Confúcio). Observação: As citações, quando não colocadas entre aspas, constituem plágio, o que é errado e desonesto. Plagiar, segundo o dicionário do Aurélio, é “assinar ou apresentar como seu obra artística ou científica de outrem” (de outro autor).
As gírias. Isto é, as palavras usadas em sentido figurado. A festa foi um “barato” (ótima, “legal”). Não “saquei” (entendi) nada. Aliás, evite usar gírias.
16ª. ASPECTO VISUAL.
Qualidade da letra, margem, espaços entre as palavras, legibilidade, limpeza, pontuação, facilidade de leitura, parágrafos (espaços), períodos (se não deixou períodos longos).
17ª. ASSÍNDETO.
É a ausência de conjunções coordenativas no período composto.
Cheguei, vi, venci.
O barco veio, chegou, atracou, chegamos.
18ª. AVALIAÇÃO.
A autocrítica pode ser essencial quando se deseja melhorar o texto.
Avalie o texto. Verifique se as frases soam bem, se não contêm cacófatos ou rimas. Começou bem a redação e terminou-a melhor ainda?
A avaliação de uma redação segue um critério rigoroso, pois está relacionada à norma culta da língua portuguesa. Além da parte específica de gramática, muitas vezes recorre-se à grafologia para verificar-se o perfil psicológico e pendores vocacionais do candidato à função que pleiteia.
19ª. BARBARISMO OU ESTRANGEIRISMO.
É a utilização de palavras ou construções estranhas à língua portuguesa. Evite usá-lo.
ESTRANGEIRISMOS
PREFIRA
Show
espetáculo
Jeans
calça de brim
20ª. BATE-PAPO.
Evite a projeção de bate-papo, ou seja, escrever com estilo coloquial numa redação.
A Guerra do Iraque foi duramente criticada, vai daí que os americanos tiveram abalado seu conceito de democracia.
A expressão “vai daí que” é da fala coloquial, devendo ser substituída por uma construção mais adequada:
A Guerra do Iraque foi duramente criticada e, em função de sua postura, os americanos tiveram abalado seu conceito de democracia.
Ele repetia tudo o que dizia, que nem um papagaio de madame.
A palavra adequada é como; “que nem” desmerece o texto em que está inserido, a não ser que represente a fala popular da personagem.
21ª. BILHETE.
É uma forma de comunicação da língua escrita, bastante simples e breve.
22ª. BOM SENSO.
Evite construções complexas. Leia o texto várias vezes para ter certeza de que ficou claro e preciso.
23ª. BRANCO.
Em caso de dar branco, procure relaxar e tente escrever qualquer coisa, desde que dentro do assunto e com um mínimo de sentido.
24ª. CABEÇALHO.
Não há pontuação após os dados do cabeçalho.
Faça o cabeçalho de sua redação completo, com todos os dados indispensáveis, dentro da estética, ou seja, organizado, perfeitamente alinhado um embaixo do outro e no centro do papel.
25ª. CACOFONIA OU CACÓFATO.
É o encontro de sílabas que formam palavras de sentido ridículo ou obsceno, com a produção de som desagradável.
ORAÇÕES COM CACÓFATOS
ESCREVA-AS ASSIM
Meu coração por ti gela.
Meu coração gela por ti.
Vou-me já para casa.
Já estou indo para casa.
O noivo beijou a boca dela.
O noivo beijou-a na boca.
Nunca gaste dinheiro com bobagens.
Jamais gaste dinheiro com bobagens.
26ª. CALIGRAFIA.
        Escreva com capricho e nitidez, procurando tornar sua grafia clara, uniforme e bem legível.
Se tiver a grafia ruim, faça de tudo para melhorá-la, porque uma redação escrita com capricho e grafia bonita impressiona favoravelmente.
Não invente traços novos nas letras e não enfeite demais as maiúsculas, pois o leitor do texto pode não compreender o que você está escrevendo.
27ª. CARACTERÍSTICO.
Observe os seres no que têm de mais característico. Procure traduzir essas impressões ou os fatos sem se alongar em considerações desnecessárias, que nada acrescentem de importante à cena ou ao fato.
Ombros curvados, cabelos escuros que o pente mal vira, passos arrastados – um homem ainda moço, levando consigo a carga de uma pesada e infeliz vida.
Em um canto, calada, estava Maria, com seus grandes olhos negros, cabelos que caíam em cascata pelos ombros, dona de uma beleza intrigante e misteriosa. Para ela tudo era novo e assustador.
28ª. CARTA.
É uma das formas de comunicação da língua escrita, usada desde a antiguidade. Por meio dela você (remetente) pode dizer às pessoas (destinatários) o que faz, o que pensa, o que deseja.
A primeira carta de que se tem registro foi escrita há 4 mil anos, na Babilônia e se tratava de uma correspondência amorosa.
29ª. CENA.
Para descrever aspectos de uma cena, veja se deve empregar pronomes indefinidos ou adjuntos adverbiais, de modo a ordená-la.
A escada já lhe era conhecida. No entanto, uma passadeira nova cobria os degraus desgastados, tentando trazer um pouco de claridade e alegria ao ambiente envelhecido e quase sem vida.
Uma mulher ainda jovem procurava o endereço que trazia nas mãos. Seu olhar vagava aflito. Quem a observasse poderia confundir aquela expressão ansiosa... Na verdade, o que ela esperava é que, realmente, o tal endereço não existisse.
30ª. CHAVÕES, CLICHÊS, FRASES FEITAS, JARGÕES, LUGARES COMUNS, MODISMOS.
Evite-os, pois empobrecem o texto e demonstram a ausência de originalidade, falta de imaginação e de bom gosto.
A inflação galopante, rigoroso inquérito, vitória esmagadora, astro-rei.
Caixinha de surpresas, nos píncaros da glória, encerrar com chave de ouro, nos primórdios da humanidade.
Não é fácil falar a respeito de… Bem, eu acho que… A esperança é a última que morre. …um dos problemas mais discutidos da atualidade.
31ª. CLAREZA.
Redija frases curtas e, portanto, use ponto à vontade.
Escreva com toda a simplicidade e clareza, sem embolar o assunto. Ser claro é ser coerente, conciso, não se contradizer.
São inimigos da clareza: a desobediência às normas da língua, os períodos longos e o vocabulário difícil, rebuscado ou impreciso.
O segredo está em não deixar nada subentendido, nem imaginar que o leitor sabe o que se quer dizer. Evidencie todo o conteúdo da escrita. Lembre-se de que está dando uma opinião, desenvolvendo ideias, narrando um fato. O mais importante é fazer-se entender.

TEXTOS EMBOLADOS—CONFUSOS
CORREÇÃO
Participei de um campeonato tirei segundo lugar em ping-pong e ganhei medalha de prata.
Participei de um campeonato de “ping-pong”, no qual tirei segundo lugar, tendo ganhado uma medalha de prata. NOTA: “Ping-pong”, entre aspas, por ser estrangeirismo.
Comemoramos o aniversário de meu pai que foi uma surpresa para ele, fizemos um churrasco com muitas bebidas.
Comemoramos o aniversário de meu pai e, como surpresa para ele, fizemos-lhe um churrasco com muitas bebidas.
Na hora de ir embora nós fomos pela canoa, a mesma começou a balançar, eu na ponta da canoa fazendo a danada balançar, teve uma vez que a canoa quase emborcava, eu tomei um choque.
Na hora de voltarmos, viemos numa canoa que começou a balançar, sendo que eu, que estava na ponta da canoa, fi-la balançar mais ainda. Houve um momento em que ela quase emborcava, quando tomei um grande susto. ATENÇÃO: “Tomar um choque” é receber uma descarga elétrica. Portanto, a expressão está usada indevidamente. No caso, a expressão adequada é “tomar um susto”.

32ª. COERÊNCIA.
A coerência entre todas as partes do texto é fator primordial para se escrever bem. É necessário que elas formem um todo, ou seja, que estabeleçam uma ordem para as ideias, se completem e formem o corpo da narrativa. Explique, mostre as causas e as consequências.
Em muitas redações fica patente a falta de coerência. O candidato apresenta um argumento e o contradiz mais adiante. As ideias contidas no texto devem estar interligadas de maneira lógica. O vestibulando não pode expor uma opinião no início do texto e desmenti-la no final. Deve-se ter cuidado redobrado para não se cometer esse tipo de erro.
Em vestibular da FUVEST, o candidato saiu-se com a seguinte frase: “...a palidez do sol tropical refletia nas águas do rio Amazonas”. Convenhamos que o sol tropical pode ser acusado de muitas coisas, menos de palidez. O riso provocado pela leitura do texto poético é derivado de um caso de incoerência no uso da imagem.
33ª. COESÃO.
A falta de coesão provoca a redundância. Fica-se dando voltas num assunto, sem acrescentar-lhe nada de novo. É típico de quem não tem informação suficiente para compor o texto.
Em lugar de:  Comprei sorvetes. Dei os sorvetes a meus filhos.
Deve-se usar: Comprei sorvetes. Dei-os a meus filhos.
34ª. COLISÃO.
É a sequencia desagradável de consoantes ou sílabas idênticas.

ORAÇÕES COM COLISÃO
REDAÇÃO MELHOR
Jorge já jantou.
Jorge acabou de jantar.
O rato roeu a roupa da rainha.
O rato roeu os nobres tecidos que compunham os trajes da rainha.

35ª. COLOQUIALISMO.
Uso da língua na forma como é escrita, ou seja, é uma armadilha para o aluno o emprego de termos coloquiais, gíria e jargão. Expressões coloquiais só são aceitas na reprodução de diálogos.   Isso não significa que o texto tenha de ser empolado, de difícil entendimento.
Evite usar as expressões: só que, que nem, é o seguinte, etc.
36ª. COLORIDA.
Procure dar, às suas personagens, uma linguagem não só adequada, mas, também, colorida por imagens pertinentes, ligadas a elas e ao assunto.
A senhora soltou um pequeno grito, e o rapaz, de vermelho que estava, fez-se cor de cera; mas Botelho procurou tranquilizá-los.
O primeiro raio do sol encontrou Tapirapé moreno, pele molhada, com cabelo e olho bem cor de noite sem lua, sentado na folha redonda do mururu.
37ª. COMEÇO.
Uma redação não é nenhum bicho de sete cabeças. Respire fundo. Três vezes. Devagarinho. Deixe o ar chegar lá em baixo, no fundão da barriga. Visualize o umbigo. Sorria para ele. Por dentro e por fora. Escolha uma frase bem atraente. Pode ser uma declaração, uma citação, uma pergunta, um verso, a letra de uma música. Depois desenvolva o seu tema. Cada idéia num parágrafo. Por fim, conclua. Com fecho de ouro.
38ª. COMPARAÇÃO.
É a aproximação de dois termos entre os quais existe alguma relação de semelhança, como na metáfora.
Quando usar comparações, escolha a conjunção que as introduz em função do tipo de linguagem que está empregada.
Use a comparação, hipotética ou não, quando perceber que estabeleceu entre o ser que você descreve e outro uma semelhança interessante e que ela vai enriquecer seu texto.
A liberdade das almas, frágil, frágil como o vidro.
A chuva caía como lágrimas de um céu entristecido.
As chamas, como língua de monstro, saíam pelas janelas.
39ª. COMUNICAÇÃO.
Em situações de comunicação descontraída e, sobretudo, oral, você pode, conforme o caso, substituir o futuro do presente pelo imperativo.
Não saia (sairás) até que tenhamos concluído esta conversa.
Eu não sabia que ele era o meu pai. Veja (verás) que não minto, basta que me dê a oportunidade de provar.
40ª. CONCISÃO.
Elimine palavras ou expressões desnecessárias.
Escreva com clareza e, na medida do possível, diga muito com poucas palavras.
Concisão, clareza, coesão e elegância: palavras-chaves que definem um texto competente num exame vestibular.
        Seja claro, preciso, direto, objetivo e conciso. Use frases curtas e evite intercalações excessivas ou ordens inversas desnecessárias.
O aluno deve expressar o pensamento com o menor número de palavras possível. Aquilo que é desnecessário deve ser eliminado. A concisão dá ênfase ao estilo. O prolixo prejudica e enfraquece o texto, além de tirar o brilho de suas ideias.
EM VEZ DE
EMPREGUE
...neste momento nós acreditamos.
...acreditamos.
Travar uma discussão.
Discutir.
41ª. CONCLUSÃO.
Não conclua sua redação, jamais, com as seguintes terminologias: concluindo, em resumo, nada mais havendo, poderia ter feito melhor, como o tempo foi curto, etc.
Termine-a, sim, com conclusões consistentes (e não com evasivas).
42ª. CONCORDÂNCIA.
Cuidado para não cometer erros gramaticais, como de concordância.
Lembre-se de que o verbo sempre concordará com o sujeito e os nomes devem estar concordando entre si.

ERRADO
CERTO
Falta cinco alunos.
Faltam cinco alunos.
Fazem dez dias que não chove.
Faz dez dias que não chove.
Minas férias começou.
Minhas férias começaram. (plural, com plural, isto é, férias concordando com começaram).
Os meninos saltavam descalço sobre as poças d´água da rua.
Os meninos saltavam descalços sobre as poças d´água da rua.

43ª. CONHECIMENTO LINGÜÍSTICO.
Use todo o seu conhecimento gramatical. Faça um rascunho e ao passar o texto a limpo, observe se faltam acentos, sinais de pontuação, se há erros de grafia, termos de gíria, impropriedade vocabular.
44ª. CONJUNÇÃO.
Seja cauteloso ao utilizar as conjunções como, entretanto, no entanto, porém. Quase sempre são dispensáveis.
Evite o exagero de conectivos (conjunções e pronomes relativos) para evitar a repetição e para não alongar períodos.
Para mostrar hipóteses diferentes, as dúvidas e conflitos de reflexão da personagem, explore as conjunções alternativas e adversativas.
Sim, sou homem e deixei-me levar por meus instintos. Como a senhora deve saber, sou respeitador. Nada farei que desabone a minha conduta.
Elvira era simplesmente uma entre as outras empregadas domésticas da mansão. Tinha, no entanto, seus sonhos, alguns até mesmo ousados, e uma quase certeza de conseguir alcançá-los. Mas como? Decidiu, após muito pensar. Se ficasse mais algum tempo naquele trabalho, poderia conseguir uma promoção para chefe das serviçais ou, pelo menos, um aumento no ordenado, já que desempenhava com esmero suas funções. E, a partir dessa convicção, tornou-se exemplar.
45ª. CONJUNTO.
Quando quiser descrever um conjunto, empregue termos indicadores de lugar que revelem posição, aproximação ou afastamento de aspectos diferentes do conjunto.
Estavam todos os cavaleiros em volta da mesa. Nem todos, porém,  tinham o mesmo prestígio na corte. Perto do rei estavam os mais destacados nobres: Marcelo, à esquerda; Eduardo, à direita. O primeiro trajava negro com as insígnias reais e o brasão de família. O segundo trajava azul e não trazia insígnias. Uma armadura reforçada cobria seu tórax.
46ª. CONSTRUÇÕES.
Não escreva construções como lá em Recife, aqui em Salvador mas, sim, em Recife, em Salvador.
47ª. CONTEÚDO.
Um bom texto não é apenas o texto correto, sem erros gramaticais. Ele deve ter conteúdo.
O conteúdo, que vale, no mínimo, 5 (cinco) pontos numa redação,  não pode ser ridículo, nem infantil, mas deve ser simples.
Tome-se, como exemplo, o seguinte tema: O Acidente Nuclear de Chernobyl. Ao redigir sobre esse tema, não se pode esquecer, de forma alguma, de abordar os seguintes assuntos:
Nos próximos 30 (trinta) anos ainda vão morrer mais de 5 mil pessoas na Rússia e em países circunvizinhos, em consequência desse acidente.
A economia dos países vizinhos foi enormemente prejudicada, porque eles foram contaminados pela radioatividade.
Mais de 100 mil habitantes da cidade de Kiev foram evacuados, para que ela fosse despoluída, tornando-se uma cidade fantasma.
Os programas de energia nuclear foram quase  totalmente paralisados, em todo o mundo, em razão dessa terrível tragédia.
Ficou comprovado, com esse acidente, que o homem ainda não está dominando, inteiramente, com segurança, a tecnologia da energia nuclear. A sua utilização e expansão, portanto, precisa ser repensada.
Faça sempre uma análise crítica do que escreveu, como, por exemplo, através das seguintes perguntas: Sua redação é interessante? A leitura do texto é agradável? Tem boas ideias? O texto dá uma boa idéia daquilo que foi descrito? O texto está bem organizado?
Presume-se que o candidato prestes a ingressar numa universidade tenha certa cultura. Assim sendo, não pode encarar o tema da redação de modo infantil ou rasteiro. É por meio do conteúdo, especialmente, que o professor irá aquilatar a capacidade ou o grau de conhecimento do aluno.
48ª. CONTO.
É a mais breve e simples narrativa, centrada em um episódio da vida.
49ª. CONTRADIÇÃO.
Para desenvolver a impressão de contradição, use conjunções adversativas. Se for o caso, varie as conjunções, observando as que se prestam a determinada situação.
Um homem gordo, bem vestido, porém sem pompa, saiu logo a seguir. Dirigiu-se ao carro, com passo leve e animado, mas não entrou.
O caso estava praticamente resolvido, mas alguma coisa ainda perturbava o Inspetor. A testemunha jurara ter dito a verdade, contudo sua voz não parecia firme como deveria estar naquela circunstância.
50ª. CONTRASTE.
Para manter a curiosidade do leitor com relação a personagens (ou cenário) contrastantes, oponha um a um os elementos em contraste.
Letícia, bonita, rica e cheia de preconceitos, olhava com  desprezo a jovenzinha mirrada e pobremente vestida que tentava vender doces, aproveitando o sinal fechado.
A magreza e a palidez da jovem que se inspirava nas modelos de passarela, contrastava violentamente com as faces coradas e cheias de vida da amiga saudável, cujos padrões de estética divergiam frontalmente das de sua companheira.
51ª. COORDENAÇÃO.
Coordene suas ideias como se estivesse contanto uma história: o seu texto deve ter início (introdução), meio (desenvolvimento) e fim (conclusão).
52ª. COR.
Escreva apenas com caneta preta ou azul. O rascunho ou o esboço das ideias podem ser feitos a lápis e rasurados. O texto não será corrigido em caso da utilização de lápis ou  caneta vermelha, verde, etc na redação definitiva.
53ª. CORREÇÃO GRAMATICAL.
A linguagem utilizada na redação precisa estar de acordo com a norma culta, ou seja, deve obedecer aos princípios estabelecidos pela gramática.
        Tenha o máximo de cuidado para que sua redação não apresente, principalmente, nenhum erro de ortografia, acentuação, pontuação e concordância, seja ela verbal ou nominal.
Conhecer as normas que regem o uso da língua é fundamental para a produção de um texto correto. Em caso de dúvidas na redação, consulte sempre um bom livro de gramática.
54ª. CRASE.
Expressões com crase: À beça, à toa, etc.
Uso corriqueiro da crase, mas absolutamente errado: Marcelo reside à Rua (Avenida, Praça, etc). O correto é: Marcelo reside na  Rua, na Avenida, na Praça, etc. (Quem reside, reside em algum lugar).
55ª. CRIATIVIDADE.
É claro que uma abordagem original do tema valoriza seu texto. No entanto, o vestibulando deve ter cuidado para não confundir criatividade com ideias esdrúxulas. Na gíria estudantil, não viaje.
Lembre-se: Ninguém pode exigir que escreva bem, como um escritor, pois isto pressupõe talento; as faculdades querem que se escreva certo.
56ª. CRÍTICA.
É um tipo de redação que aprecia e avalia livros de caráter científico ou literário, além de manifestações artísticas ligadas ao cinema, ao teatro, à música, etc.
Habitue-se a criticar sua redação, procurando ver se todos os seus pormenores colaboram para criar a idéia que tem em mente.
Solicite a uma terceira pessoa, de bom conhecimento técnico ou nível escolar, para ler e fazer críticas sobre o seu texto, pois a leitura demasiada de nossos próprios trabalhos torna-nos cegos para determinados pontos.
57ª. CRÔNICA.
É uma narrativa curta que retrata, em geral, fatos do cotidiano, presenciados ou não pelo narrador, escrita numa linguagem leve, de caráter jornalístico.
58ª. CURRÍCULO.
É um documento que reúne as informações profissionais para alguém que se candidata a um emprego. Contém objetivo, formação escolar, idiomas que domina, experiência profissional, pretensão salarial, etc.
59ª. DESCRIÇÃO.
Descrever é fazer um retrato com palavras, isto é, apresentar, detalhadamente, características de pessoas, animais, objetos, lugares, etc.
Quando quiser estabelecer uma ordem cronológica na sua descrição, mostrando as mudanças sucessivas da paisagem, use termos que indicam sucessão (sobretudo adjuntos adverbiais de tempo).
60ª. DESENVOLVIMENTO.
É a redação propriamente dita. No desenvolvimento, o aluno deverá discutir os argumentos apresentados na introdução. Em cada parágrafo, escreve-se sobre um argumento.
Tenha sempre em mente que o examinador de sua dissertação provavelmente seja uma pessoa culta, que lê bons jornais e revistas e tem bastante conhecimento geral, portanto não generalize.
É a parte mais importante em qualquer texto. É quando podemos nos aprofundar nas idéias que, por enquanto, foram apenas mencionadas na introdução. Os argumentos devem ser apresentados em função da idéia e organizados com clareza para não confundir o leitor. Devemos ser cuidadosos para que o texto não se torne inconsistente e imaturo por falta de informação de nossa parte. Para isso, é preciso que nos ilustremos, lendo revistas, jornais e livros; assistindo a noticiários na televisão; frequentando o maior número possível de produções culturais a que tivermos acesso - teatro, “shows”, exposições, etc. Em qualquer uma dessas atividades, assuma uma posição crítica questionadora que resultará em análises objetivas e, consequentemente, em julgamentos coerentes. Evite radicalismos, ofensas pessoais, nacionalismos piegas e “achismos” (eu acho, eu penso)
61ª. DIÁLOGO.
É a conversa entre duas ou mais pessoas. A fala de cada personagem é indicada, na escrita, por um travessão.
Ao apresentar um diálogo, ou a personagem pensando, use o presente do indicativo para sugerir a proximidade do fato futuro.
62ª. DIÁRIO.
É uma das formas do registro do mundo interior, ou seja, das confissões, dos segredos, etc, de uma pessoa.
63ª. DICAS.
        Ao escrever uma redação, faça, primeiramente, uma lista de tudo o que lhe vier à memória.
Quanto mais ideias, melhor.
        Não se preocupe em saber se as ideias são boas ou más. Escreva-as, simplesmente.
Anote tudo, sem ordem, sem critério, sem censura.
Use palavras simples e frases curtas.
        Selecione as ideias e estruture o seu texto.
64ª. DICIONÁRIO.
Em vez de sair por aí “chutando” palavras cujos significados você não conhece bem, utilize-se de um bom dicionário, em livro ou disquete, para aumentar o vocabulário.
65ª. DIMINUTIVO.
Use o diminutivo com muito cuidado, e sempre quando for importante marcar a dimensão dos seres, ou a afetividade (carinho, desprezo) da personagem com relação a esses seres.
Pegou o banquinho para apoiar o pé enquanto tocaria violão.
Disse para a avozinha que lhe traria o doce de goiaba de que tanto gostava.
66ª. DISCUSSÃO.
Falar e ouvir são meios de desenvolvimento do espírito humano. O debate de ideias pode levar a um resultado enriquecedor.
67ª. DISSERTAÇÃO.
Nunca se inclua em sua dissertação, principalmente para contar fatos de sua vida particular.
É uma redação que, através do raciocínio, expõe ideias, doutrinas, impressões, pontos de vista.
Utilize sempre, em suas dissertações, a primeira pessoa do plural em vez da primeira pessoa do singular.
A dissertação é a forma mais comum de redação. É a mais solicitada nos exames vestibulares e provas de colégio.
Dissertar é defender uma opinião a respeito de determinada questão. Para isto, precisamos conhecer o assunto e refletir sobre ele.
É analisar um assunto proposto, emitindo opiniões gerais. Deve ser feito de modo impessoal e com total objetividade. Essa visão imparcial perde-se quando o autor confunde a problemática que está analisando com os problemas particulares que possa ter.
68ª. DIVAGAR.
“Estou sem inspiração para fazer uma redação. Escrever sobre a situação dos sem-terra? Bem que o professor poderia propor outro tema.”
Não fale de sua redação dentro do próprio texto, porque isso demonstra insegurança e vazio de ideias. Ademais, sua nota ficará seriamente comprometida quando da avaliação do conteúdo.
69ª. DOIS PONTOS.
As citações vêm sempre após dois pontos.
Lá, fiz diversas coisas: tomei banho de piscina, na sauna, montei cavalo e charrete, comi cacau, etc.
Use dois pontos, antes de uma enumeração, se quiser valorizar os termos que a constituem.
Descobri a grande razão da minha vida: você.
Já dizia o poeta: Deus dá o frio conforme o cobertor.
70ª. E (minúsculo).
Faça-o um pouco aberto, para não ficar parecendo “i”, de forma que o seu interior apareça com toda a nitidez.
71ª. ECO OU ASSONÂNCIA.
É a repetição desnecessária de palavras terminadas pelo mesmo som, provocando rimas desagradáveis, com um ritmo batido e monótono.

FRASES COM ECO
ESCREVA-AS ASSIM
Neste momento eu tive um aumento de vencimento.
Tive aumento de salário.
Clemente, certamente, está descontente com o parente.
Clemente, com certeza, está aborrecido com o primo dele (como poderia ser irmão, etc).

72ª. EDITORIAL.
É um artigo que exprime a opinião do órgão jornalístico. É o jornalismo opinativo.
73ª. ELEGÂNCIA.
A leitura de um texto elegante, que deve ser criativo e original, torna-se agradável ao leitor.
Fuja de gírias e palavrões. Mantenha uma certa elegância no seu texto, sem cair em pedantismos exagerados.
A elegância começa pela própria apresentação do texto, ou seja, limpo, sem borrões ou rasuras, e com letra bem legível. Importantíssimo atentar, também, para a correção gramatical, a clareza, a concisão e para o conteúdo da redação, que deve ser original e criativo.
74ª. ELIPSE.
É a omissão de um termo previsível, subentendido, que deixa de ser expresso por ser óbvio, mas também confere elegância à frase.
Vida interessante, a dele...
Na rua, um malvado; em casa, um santo.
A casa era pobre. Os moradores, humildes.
75ª. EM, NO, AO, NA, À.

ERRADO
CERTO
Fui em Jequié, na fazenda, no jogo.
Fui a Jequié, à fazenda, ao jogo. A regência do verbo ir exige preposição “a” e não “em”. (Quem vai, vai a algum lugar, e não em algum lugar).

76ª. EMBROMAÇÃO.
É o famoso enche linguiça. Fica-se dando voltas no mesmo lugar, usando-se palavras vazias e embromatórias.
A vida, única e exclusivamente, é tão complexa que, apesar de tudo, não obstante o que possam dizer, torna-se altamente problemática.
77ª. EMOÇÃO OU LINGUAGEM EMOCIONAL.
Não analise os temas propostos movido por emoções exageradas. Mantenha-se imparcial em quaisquer circunstâncias.
Não transforme seu texto em desabafo nem em panfleto, com linguagem apaixonada. A emoção deve ficar no rascunho, enquanto que no texto definitivo você deve chamar a razão para auxiliá-lo.
Quando nos exaltamos a respeito de determinado assunto ou sobre a pessoa de quem estamos falando, infringimos a boa norma da escrita padrão, por fazermos uso de juízos de valor sobre os fatos. A objetividade é imprescindível, a fim de que o texto se mantenha imparcial e claro.
Existem alguns temas dissertativos que envolvem a análise de assuntos dramáticos, que causam revolta e indignação pela própria gravidade de sua natureza. Porém, por mais revoltante que se mostre o assunto tratado, ele deve ser abordado de modo comedido e, se possível, imparcial. Não devemos deixar nossas emoções interferirem demasiadamente na análise equilibrada e objetiva que precisa transparecer em nossas redações, porque elas impedem que ponderemos outros ângulos da questão. Só assim, com a predominância da argumentação lógica, ela se mostrará convincente.
Os noticiários apresentam-nos todos os dias crimes bárbaros cometidos por verdadeiros animais, que deveriam ser exterminados, um a um, pela sua perversidade sem fim.
Muitos menores que perambulam pelas ruas e se tornam delinquentes são vítimas indefesas de um governo ineficiente, que não se preocupa e não respeita o direito que eles têm à educação.
78ª. ENCHE LINGÜIÇA.
Não espiche o assunto, isto é, não diga com 8 (oito) palavras o que pode dizer com 5 (cinco). Seja objetivo e direto.
Encher linguiça é, também, repetir ideias, a saber, tornar a abordar um assunto com palavras diferentes sobre o qual já tinha escrito anteriormente.
Exemplos de expressões muito usadas por quem gosta de encher linguiça: Antes de mais nada, muito pelo contrário, por outro lado, por sua vez, etc.

ERRADO
CERTO
Em um dos domingos que passaram, eu tinha ido a Itabuna…
Num domingo, fui a Itabuna…

Durante esses dias de minhas férias, brinquei de diversas brincadeiras…
Em minhas férias, brinquei muito…

79ª. ÊNFASE.
Chame a atenção para o assunto com palavras fortes, cheias de significado, principalmente no início da narrativa. Use o mesmo recurso para destacar trechos importantes. Uma boa conclusão é essencial para mostrar a importância do assunto escolhido. Remeter o leitor à idéia inicial é uma boa maneira de fechar o texto.
80ª. ENTREVISTA.
É o encontro de duas pessoas em que uma interroga (entrevistador) a outra (entrevistado) sobre suas ações ou ideias. Um conjunto, portanto, de declarações de uma determinada pessoa, que autoriza, implícita ou formalmente, sua publicação.
81ª. ENUMERAÇÃO.
Use a enumeração quando quiser reforçar determinada sugestão ou quando quiser sugerir variedade, multiplicidade, coisas intermináveis. Em frases separadas, os membros da enumeração ficam mais realçados ainda.
Muitas virtudes deve ter o político: honestidade, iniciativa, inteligência, ponderação.
A história ia longe: era um festival de exageros, um esmiuçamento de detalhes fúteis, um conjunto longo de fofocas, mais as ofensas e a grosseria de falar de quem não estava presente para defender-se. O homem desatinava. Pensava um verbo, corrigia-se ou pedia a alguém para lembrar-lhe a palavra injuriosa que queria dizer. Soltava mais uns três impropérios. Desandava a emendar e emendar. No final, a plateia estava atônita, angustiada de aflição e agradecendo a despedida do sujeito.
82ª. ERROS.
Anote os erros mais frequentes para servir-lhe de apoio para no futuro não cometê-los mais. Já ouviu aquela máxima que diz: Errar é humano, mas permanecer no erro é diabólico?
83ª. ERUDIÇÃO. PEDANTISMO.
É escrever usando palavras difíceis e desconhecidas, para tentar impressionar os outros. Não seja pretensioso nem erudito.
Lembre-se de que escrever bem é redigir com simplicidade, clareza, concisão, correção e elegância.
        Adianta alguma coisa escrever um monte de palavras difíceis, complicadas, que ninguém vai entender? Comunicar-se é fundamental.
TEXTOS ERUDITOS
Inobstante o exposto, deve-se buscar o contraditório.
A nível de personalidade, os brasileiros são muito cordiais.
TEXTO EXTREMAMENTE PEDANTE
Os homens se contendem pelas protuberâncias conexas das excentricidades congêneres da apologética, silontrando a insipidez patológica das homogeneidades mórbidas, farpantes em que o ostracismo melancólico de um traumatismo espontaneamente uniforme e retilíneo, engavela os insignes caracóides mentores das obrividências, nos epídotos escalenos de filisteus e trogloditas, enviperando genetrises macropétalas de um púlcaro desnalgado e exaurível, bacorejando páramos tripétalos de lucidez sem nexo.

84ª. ESCREVER.
Não existem fórmulas mágicas para se redigir bem. O exercício contínuo, aliado à constante leitura de bons autores e à reflexão, é indispensável para a criação de bons textos.
Enganam-se aqueles que pensam que é fácil escrever. Todos os grandes escritores desmentem o mito da inspiração. Uma das frases mais famosas sobre o assunto afirma o seguinte: "O ato de redigir requer 1% de inspiração e 99% de transpiração".
Se você se limitar a repetir o que todo mundo escreve, com medo de errar, provavelmente cairá no lugar-comum e na mediocridade. Inove sempre, sem medo. Seja atrevido! A segurança virá aos poucos e com a satisfação de perceber que fez algo seu, com seu próprio padrão de qualidade.
Quer escrever bem? Leia, então, muito e sempre. É atividade que requer treino, perseverança e até uma boa dose de teimosia. Ninguém nasce sabendo redigir bem.
Escreva na ordem direta, dispense os detalhes irrelevantes e vá diretamente ao que interessa, sem rodeios.
Redigir bem é uma questão de prática, como qualquer outra atividade. Ninguém vai ensiná-lo a pintar segurando os pincéis para você.
Se quiser escrever bem, leia muito e sempre.
Uma redação bem escrita é vaga garantida para o ingresso à universidade.
Escreva diários, cartas, e-mails, crônicas, poesias, redações, qualquer texto. Só se aprende a escrever, escrevendo.
Escrever é falar no papel, e sem rascunho é impossível. Escreva sem medo e sem preguiça, fazendo vários rascunhos, lendo em voz alta o texto escrito para descobrir as falhas.
Muitas vezes a impropriedade vocabular se transforma claramente em erro, às vezes grosseiro. O relâmpago atingiu o ônibus. O que atingiu o ônibus foi o raio. Havia cem pessoas no féretro. O féretro é o caixão, e não o enterro.
Redigir bem depende de bastante leitura (jornais, livros, revistas), que lhe fornecem informações novas e atuais, e de muita prática. Todos os dias, antes de dormir, sente-se num local adequado e confortável em seu quarto e escreva em uma folha de papel como foi o seu dia. Eis um bom começo.
Adquira o hábito de escrever, exercitando-se, principalmente, com os temas que têm caído nos vestibulares mais recentes. Meça bem as palavras, usando as mais simples, não se esquecendo de acentuá-las e pontuá-las com precisão. Jamais se desvie do tema. Seja o mais claro possível. Mostre raciocínio lógico, agudeza mental, inteligência e conhecimentos. Texto bom e legível é aquele no qual as palavras estão adequadamente dispostas na frase, com elegância, precisão, clareza e objetividade.
85ª. ESPAÇOS ENTRE LINHAS.
O cabeçalho da redação deve começar na primeira linha do papel. O título, uma ou duas linhas após a última linha do cabeçalho. A redação, uma ou duas linhas depois do título.
86ª. ESPAÇOS ENTRE PALAVRAS.
Use espaços normais entre as palavras, devendo estas ficar nem muito distanciadas nem muito próximas umas das outras.
87ª. ESQUEMA.
Antes de iniciar a redação (antes mesmo do rascunho), faça um esquema de um roteiro de ideias.
O esquema é um mapa e um guia, que evitará desvios ou retrocessos quando da elaboração do texto.
Esquematizar é planejar. É caminhar com os olhos abertos. É saber o terreno onde pisa. É dar à redação um destino, um sentido, um fim.
88ª. ESTÁTICA.
Sempre que quiser apresentar uma cena estática, evite a repetição dos verbos ser e estar e empregue frases nominais.
Papéis por toda a parte. Memorandos, relatórios, ofícios, anotações.
Roberto, paralisado, no meio da rua. Sentado. Olhar ao longe. Tristeza.
89ª. ESTÉTICA.
Capriche na parte estética de sua redação, ou seja, faça letras bonitas e bem legíveis, margens regulares, espaço uniforme no início do parágrafo, tudo isso sem qualquer tipo de rasura.
90ª. ESTICAR.
Expedientes muito usados para “esticar” uma redação, mas que não enganam ninguém, muito menos uma banca corretora: Letra muito grande ou espichada, nova margem, enormes margens de parágrafo, paragrafação excessiva, citações falsas ou impertinentes, etc.
91ª. ESTILO.
Você já ouviu alguém dizer que cada pessoa tem uma maneira diferente (estilo) de escrever?  Paulo Mendes Campos, já falecido, que foi um dos maiores cronistas brasileiros, era um grande estilista.
Veja, a seguir, alguns textos deliciosos e imperdíveis!
ESTILO NÉLSON RODRIGUES.
Usava gravata cor de bolinhas azuis e morreu!
ESTILO INTERJETIVO.
Um cadáver! Encontrado em plena madrugada! Em pleno bairro de Ipanema! Um homem desconhecido! Coitado! Menos de quarenta anos! Um que morreu quando a cidade acordava! Que pena!
ESTILO COLORIDO.
Na hora cor-de-rosa da aurora, à margem da cinzenta Lagoa Rodrigo de Freitas, quem via de cor preta encontrou o cadáver de um homem branco, cabelos louros, olhos azuis, trajando calça amarela, casaco pardo, sapato marrom, gravata branca com bolinhas azuis. Para este o destino foi negro.
ESTILO PRECIOSISTA.
No crepúsculo matutino de hoje, quando fulgia solitária e longínqua a Estrela-d´Alva, o atalaia de uma construção civil, que perambulava insone pela orla sinuosa e murmurante de uma lagoa serena, deparou com a lúrida visão de um ignoto e gélido ser humano, já eternamente sem o hausto que vivifica.
ESTILO SEM JEITO.
Eu queria ter o dom da palavra, o gênio de Rui e o estro de um Castro Alves, para descrever o que se passou na manhã de hoje. Mas não sei escrever, porque nem todas as pessoas que têm sentimentos são capazes de expressá-los. Mas eu gostaria de deixar, ainda que sem brilho literário, tudo aquilo que senti. Não sei se cabe aqui a palavra sensibilidade. Provavelmente não. Talvez seja uma tragédia. Não sei escrever, mas o leitor poderá perfeitamente imaginar o que aconteceu. Triste, muito triste. Ah, se eu soubesse escrever.
92ª. ETC.
Evite escrever o termo “etc”, por ser incompleto, a não ser em casos especiais, para determinadas sugestões.
93ª. EUFEMISMO.
É o mesmo que suavização ou abrandamento. Trata-se do uso de uma expressão menos áspera, rude e chocante com relação a uma realidade.
Ele deu seu último suspiro.
Você faltou com a verdade a um homem.
José desviou recursos dos cofres públicos.
94ª. EVITE.
Termos e expressões supérfluas (desnecessárias), excesso de adjetivos, intercalações desnecessárias, digressões inúteis (“enche linguiça”), períodos extensos e confusos. Tudo isso leva à prolixidade, que deve ser evitada.
95ª. EXCLAMAÇÃO.
Não exclame a todo momento. Procure palavras fortes e convincentes.
96ª. EXEMPLOS.
Evite mau uso de exemplos, ilustrações, citações.
Aqui, os aposentados recebem vinte salários mínimos por mês. Dado incorreto, porque, na verdade, apenas alguns aposentados recebem a referida quantia.
Obedecer uma ordem cronológica é um maneira de se acertar sempre. Parta do geral para o particular, do objetivo para o subjetivo, do concreto para o abstrato. Use figuras de linguagem para que o texto fique interessante. As metáforas também enriquecem a redação.
97ª. EXPERIÊNCIA.
Use sua experiência de vida para produzir textos. Ouse, incorpore personagens, envolva-se na trama, sinta, julgue, denuncie, critique, manifeste-se, viva o tema. Evite chavões e clichês.
98ª. EXPRESSÃO.
Nunca escreva uma expressão que desconheça, pois os erros de ortografia e acentuação tiram pontos preciosos de uma redação.
Não exagere no uso das expressões: a nível de, através de, devido a, face a, frente a, tendo em vista, etc.
99ª. EXPRESSÕES GASTAS.
Você pode ter conhecimento do vocabulário e das regras gramaticais e, assim, construir um texto sem erros. Entretanto, se reproduz sem nenhuma crítica ou reflexão expressões gastas, vulgarizadas pelo uso contínuo, a boa qualidade do texto fica comprometida.
100ª. EXPRESSÕES POPULARES.
Não use expressões populares e cristalizadas pela população, mormente na dissertação, que é um trabalho muito técnico.
101ª. EXPRESSÕES VULGARES.
Jamais use expressões vulgares ou chulas.
102ª. EXTENSÃO.
Num exame vestibular, ou numa redação de colégio, o professor corrigirá ou avaliará, em curto espaço de tempo, centenas de redações. Por este motivo, pede-se que os candidatos ou alunos escrevam um número limitado de linhas.
Qualquer exagero representa um fator grandemente desfavorável ao estudante. Mais importante do que escrever muito é o candidato ou aluno ter tempo para rever a sua redação.
103ª. FÁBULA.
É uma pequena história (uma narrativa inverossímil), com fundo didático, que tem como objetivo transmitir uma lição de moral.
A VIÚVA.
Quando a amiga lhe apresentou o garotinho lindo dizendo que era seu filho mais novo, ela não resistiu e exclamou:
— Mas, como, seu marido não morreu há cinco anos?
— Sim, é verdade — respondeu a outra, cheia de compreensão, sabedoria e calor que fazem os seres humanos — mas eu não!
MORAL: NÃO MORRE A PASSARADA QUANDO MORRE UM PÁSSARO.
104ª. FANTASIA.
Para criar o tema de fantasia, dê preferência ao emprego do verbo no pretérito imperfeito.
Fazia tempo que não se encontravam, mas a memória continuava clara e, a qualquer momento, haveriam de estar novamente juntos, rememorando o feliz passado.
Era uma tarde de tempo feio e frio no norte da Virgínia, há muitos anos. A barba do velho estava coberta de gelo e ele esperava alguém para ajudá-lo a atravessar o rio. A espera parecia não ter fim.
105ª. FICÇÃO.
Quando sua redação for uma ficção, ou quando quiser fazer alusão a determinados tipos, aproveite os nomes próprios para auxiliar nas sugestões pretendidas.
Sempre se metia nas questões alheias, tentando encontrar uma solução. Era praticamente um dom-quixote de saias, tamanha ingenuidade.
Jonathan era um pequeno mirrado, pardinho, filho da catadora de papel. Mas a mãe lhe escolhera esse nome elegante, pois adorava assistir na sua TV em preto e branco, o Casal 20, série de sucesso dos anos 80.
106ª. FIGURAS DE LINGUAGEM.
À procura de melhor expressar seus sentimentos, emoções e pensamentos, a fim de procurar uma linguagem que seja mais expressiva, original ou criativa, os trabalhadores da palavra valem-se de figuras estilísticas.
107ª. FINALIZAR.
Evite finalizar sua redação (é o principal defeito), principalmente com as expressões: em resumo, enfim, finalmente, por fim. Termine-a naturalmente, sem se utilizar de chavões.
108ª. FORMA.
Sempre que possível, ao usar a mesma relação ou idéia num texto, varie a forma de expressá-la.
Como aperfeiçoar a forma? Pelo exercício constante e cuidadoso! Exercitar-se quer dizer escrever e ler bons autores.
Cada estudante tem sua maneira de escrever. Não possui um sentido definido. Porém, é inegável que já tem um jeito próprio.
Por forma, entende-se o desembaraço de expressão, a procura de imagens e comparações, a busca da palavra apropriada, a utilização, enfim, dos recursos mais eficientes e belos na transmissão das ideias. Forma é harmonia e sonoridade da frase.
Há palavras que ninguém emprega. Às vezes uma que outra se escapa e vem luzir-se desdentadamente, em público, nalguma oração de paraninfo. Pobres velhinhas... Pobre velhinho!
A guerra sempre traz destruição e morte. No entanto, depois dessa cruel forma de demonstrar a superioridade do vencedor, os vencidos levantam a cabeça, enchem-se de um patriotismo vibrante e se empenham em levantar seu país.
109ª. FRASES ADEQUADAS.
ERRADO
CERTO
…grande número de mortos…
…muitos mortos…
Todo mundo gostou.
Todos gostaram.
…causou desastre na agricultura.
…causou prejuízos à agricultura.

110ª. FRASES COMPLETAS.
Escreva as frases com sentido completo.
FRASES COM SENTIDOS INCOMPLETOS
CORRIJA-AS PARA
Chegando lá, fomos para o apartamento. (Apartamento de quem?).
Chegando lá, fomos para o apartamento de uma amiga.
Fui à capital. (Que capital?).
Fui a Salvador, ao Rio de Janeiro, etc.

111ª. FRASES CURTAS.
Use frases curtas e inteligentes. Com elas, tropeçará menos nas vírgulas, nos pontos ou nas reticências. “Uma frase longa”, ensinou Vinícius de Moraes, “não é nada mais que duas curtas.”
Só em discursos é que se usam períodos longos.
112ª. FRASES FRAGMENTADAS.
Evite as frases fragmentadas, que separam indevidamente o sujeito do predicado.
TEXTOS COM FRASES FRAGMENTADAS
CORRIJA-OS PARA
Comi o doce e gostei.
Comi o doce e gostei dele.
Disse que faria e fez.
Disse que faria o serviço e realizou-o a contento.
Tentei convencê-lo. Ele estava com a razão.
Tentei convencê-lo de que estava certo.
Entrou em pânico. O elevador trancara. Havia faltado luz.
Entrou em pânico porque o elevador trancara com a falta de luz.
O Amazonas possui recursos inesgotáveis. O maior estado do Brasil.
O Amazonas, que é o maior Estado do Brasil, possui recursos inesgotáveis.
113ª. FRASES INTRINCADAS E DESCONEXAS.
O estudante deve ser orientado a escrever com clareza. Não há lugar numa redação para períodos confusos, de difícil entendimento. Nem para a repetição de palavras, frases, ideias e períodos demasiadamente longos. São eles os maiores inimigos da clareza.
114ª. FRASES REPETIDAS.
Evite usar frases desnecessárias ou repeti-las.
FRASES REPETIDAS
CORRIJA-AS PARA
Um mundo de sonhos era o mundo em que ela vivia.
Ela vivia num mundo de sonhos.
Depois de todos esses dias que passei lá, que foram uns dias maravilhosos…
Depois de todos esses dias que passei lá, que me foram maravilhosos…
Os policiais, que são agentes da polícia, entraram no banco armados com armas pesadas.
Os policiais entraram no banco com armas pesadas.
115ª. FRASES. ESTRUTURA.
Erros de concordância nos tempos verbais, fragmentação da frase, separando sujeito de predicado, utilização incorreta de verbos no gerúndio e particípio são algumas das falhas mais comuns nas redações. Esses erros comprometem a estrutura das frases e prejudicam a compreensão do texto.
116ª. GENERALIZAR.
Evite empregar os seguintes vocábulos genéricos: coisa, dar, fazer, ninguém, nunca, sempre, ser, ter, todo mundo, etc.
Em se tratando de dissertação, é sempre pecado mortal generalizar conceitos, pois acabam soando como preconceitos. Ideias muito ampliadas nada significam.
Não generalize. Seja específico, utilize argumentos concretos, fatos importantes. Uma redação cheia de generalizações demonstra falta de cultura e de conhecimentos gerais de seu autor. Uma maneira prática para solucionar o problema é a leitura de qualquer gênero, como jornais, revistas e livros. Assista a programas de reportagens, a filmes, a documentários. Interesse-se pela cultura. Alimente sua inteligência.
GENERALIZAÇÕES QUE PECAM PELA IMPRECISÃO:
As crianças são inocentes.
Os homens batem nas mulheres com frequência.
Os homossexuais são desavergonhados.
Todo político é ladrão.
Os velhos são sábios.
117ª. GERÚNDIO.
Evite a predominância do uso do gerúndio, pois este empobrece o texto. Prefira orações desenvolvidas ou o verbo na forma finitiva mais conjunção.
Use o verbo no gerúndio somente quando quiser caracterizar os seres enfatizando suas ações.
118ª. GÍRIA.
          As gírias são um meio de expressão perfeitamente aceitável em certos momentos de textos narrativos, em especial nos diálogos travados por alguns personagens. Tornam-se, entretanto, completamente inadequadas quando usadas em uma dissertação.
Jamais use gírias ou qualquer outra variação linguística que limite o entendimento do texto.
Somente use gírias se o assunto e suas personagens exigirem na situação apresentada. Com isso, poderá aumentar o realismo da narração.
FRASES COM GÍRIAS
PREFIRA
O marmanjo bolou um jeito maneiro de se pirulitar.
O homem criou uma forma inteligente de fugir da situação.
O cara deve procurar sacar se a lei está com ele ou não.
O cidadão deve procurar certificar-se de que está agindo dentro da lei.
Fiquei gamado naquele broto porque ela é bacana pra chuchu.
Fiquei apaixonado por aquela garota, porque ela é muito simpática e atraente.
O deputado pisou na bola e deu a maior bandeira no seu depoimento.
O deputado cometeu um erro e acabou se comprometendo no seu depoimento.
119ª. GRAFIA.
Prefira as palavras de grafias fáceis (mais fáceis de serem escritas). Lembre-se de que a língua portuguesa é muito rica em sinônimos.
Tome cuidado com a grafia de palavras que não conheça. Quando tiver dúvidas, consulte o dicionário. Se não for possível, substitua a palavra por outra cuja grafia você conheça bem. Portanto, descarte palavras de grafia duvidosa.
EM VEZ DE
PREFIRA
Escassa
Rara
Neném
Criança
Sucinto
Breve
Exíguo
Pequeno
Expor
Mostrar
Parcimoniosa
Econômica
Submissa
Obediente
Nódoa
Mancha
120ª. GRAMÁTICA.
Nunca, mas nunca mesmo, entregue o seu trabalho sem uma boa revisão gramatical e ortográfica.
Evite erros gramaticais primários e básicos. Use só termos que você conhece. Respeite a gramática e as regras de grafia.
Capriche na parte gramatical de sua redação, ou seja, não se esqueça de fazer, com toda a clareza possível, as devidas pontuações e acentuar as palavras que tiverem acento. Não adianta fazer uma redação espetacular quanto ao conteúdo e estilo mas cometer dezenas de erros de português.
O primeiro passo para aceitar a gramática positivamente é imaginá-la como algo dinâmico que movimenta a nossa linguagem e cria nossa identidade cultural. Tenha sempre ao alcance um livro de gramática, acompanhado de um dicionário.
Uma pessoa que redige bem tem mais clareza de suas ideias e mais segurança em suas afirmações. As falhas gramaticais podem ser um entrave para isso.
121ª. GROSSERIA.
“Ele deu um pum fedido pacas. Foi aquele auê!”
Gostou dessa frase ridícula? O examinador iria aprová-la? Com certeza que não! Cuidado para não entrar na linguagem do “liberou geral”, do vale-tudo! É um território muito perigoso. Deixe a “franqueza” vocabular de lado e evite grosserias na sua redação. Não é só você que tem mãe, irmã, etc. Os examinadores também têm e nem todos são apaixonados pelo “exótico”.
122ª. HARMONIA.
O aluno deve usar a musicalidade, o ritmo resultante da adequada escolha das palavras, da combinação dos sons na oração e do equilíbrio das orações no período. A linguagem não pode ser áspera, dura. A redação deve ser agradável ao ouvido.
123ª. HIATO.
É a sequencia desagradável de vogais ou sílabas idênticas. Evite-o.
FRASES COM HIATO
MELHOR
Andréia irá ainda hoje ao oculista.
Andréia terá consulta com seu oculista, hoje.
Traga a água à aula.
Queira trazer o recipiente com água para a sala.
124ª. HIPÉRBATO.
É inversão da ordem natural dos termos ou orações da frase com o fim de lhes dar maior destaque.
FRASES COM HIPÉRBATOS
ORDEM INVERSA
ORDEM NATURAL
Na roda do mundo, mãos dadas aos homens, lá vai o menino…
O menino vai lá na roda do mundo, mãos dadas aos homens...
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante...
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico...
125ª. HIPÉRBOLE.
É a figura que através do exagero procura tornar mais expressiva e emocionante uma idéia.
Ele chorou rios de lágrimas.
Falei trezentas vezes para você!
Possuo um mar de sonhos e aspirações.
126ª. I (minúsculo).
Coloque o pingo no “i” com capricho e clareza, redondo, bem visível (mas não uma bolinha) e de forma centralizada (no lugar certo), nem à esquerda, nem à direita.
127ª. IDÉIA.
        Não exponha ideias vulgares (impropérios, palavrões).
Separe as diferentes ideias em parágrafos distintos, guardando-lhes a devida conexão.
Elimine ideias ridículas, infantis, contraditórias, desnecessárias, que não se ajustem ao tema proposto.
Não inicie uma redação com uma idéia genial mas que não se relaciona com a segunda parte da composição.
Evite ideias artificiais, o nacionalismo piegas e o exagero nas expressões de modéstia, como:
Futuramente, quando o Brasil atingir o ápice do desenvolvimento, todas as nações se curvarão ante a capacidade empreendedora do homem brasileiro. Não entendo muito do assunto, mas tentarei, apesar dos meus parcos conhecimentos, dissertar sobre o tema escolhido.
128ª. IMPRECISÃO.
Evite escrever e/ou, por ser incompleto e impreciso e, também, porque denota pobreza vocabular.
EM VEZ DE
ESCREVA
O jovem e/ou seu pai poderiam ir ao banco ver o saldo da conta.
O pai poderia ir ao banco ver o saldo da conta, sozinho ou acompanhado do filho.
Poderíamos ir ao clube e/ou ao teatro, porque o tempo seria suficiente.
Poderíamos ir a um dos dois locais, ou a ambos – ao teatro e ao clube –, pois o tempo seria suficiente.
129ª. IMPROPRIEDADES SEMÂNTICAS  E OUTROS VÍCIOS.
Evite o tal de “através de”, que é uma expressão largamente utilizada, mas de maneira errada! Não é, em absoluto,  sinônimo de “por intermédio de”.
Consegui aprender redação através do meu professor.
Caso escreva isso, o sentido literal é que conseguiu aprender redação atravessando seu professor de um lado para outro, o que seria uma pena! Substitua, nesse caso, a expressão por “com o auxílio de”.
130ª. INADEQUADO.
Hoje, ao receber alguns presentes no qual completo vinte anos, tenho muitas novidades para contar.
Eis um exemplo de uso inadequado do pronome relativo. Provoca falta de coesão, pois não consegue mostrar a que antecedente ele se refere e,   portanto, nada conecta e produz uma relação absurda.
131ª. INCOERÊNCIA.
Não faça afirmações incoerentes, que demonstram faltam de conhecimento e, às vezes, até ignorância, como:
“Ninguém gosta de ler...”
Exemplo de incoerência numa dissertação:
O verdadeiro amigo não comenta sobre o próprio sucesso quando o outro está deprimido. Para distraí-lo, conta-lhe sobre seu prestígio profissional, conquistas amorosas e capacidade de sair-se bem das situações. Isso, com certeza, vai melhorar o estado de espírito do infeliz.
Exemplo de incoerência numa narração:
O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de “surf”, equipamento de alpinismo, “skate”, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas de Shakespeare.
132ª. INFORMATIVO.
Num texto informativo, não tema usar todos os recursos que possam torná-lo claro, como numerações, orações explicativas numerosas e parênteses.
Os pesquisadores realizaram um censo em 2001 e registraram que, das 690 espécies que visitam a reserva, 200 frequentam o jardim das borboletas.
Em uma matéria, o leitor recebe vinte informações diferentes. Dezenove, que ele ignorava, estão certas. Uma, que ele já conhecia, está errada. A tendência desse leitor é duvidar da exatidão de todas as vinte.
133ª. INÍCIO.
Evite iniciar sua redação com digressões. O início deve ser curto, sem evasivas.
134ª. INSPIRAÇÃO.
No momento da criação – inspiração – não iniba o que vem à mente, seja o que for. Portanto, rascunhe o que for aparecendo. Pode ser que surja algo muito bom em meio às idéias aparentemente desordenadas.
135ª. INTERJEIÇÃO, EXCLAMAÇÃO.
Não abuse do uso das interjeições e exclamações. Tire proveito delas, no entanto, para destacar as emoções e as explosões de sentimentos das personagens.
Arre!  Precisava gritar desse jeito e assustar todo mundo?
— Dobre a língua! — gritou vermelha de cólera. — Você é tão arrogante que ninguém mais aguenta a sua presença.
136ª. INTERNET.
Na rede mundial de computadores há dezenas de cursos “on-line” de redação, muitos dos quais de altíssima qualidade, sendo alguns gratuitos.
137ª. INTRODUÇÃO.
É o início da redação e deve conter um resumo, em poucas pinceladas, daquilo que abordaremos no restante do texto.
A introdução precisa ser rápida. Evidentemente, nunca terá tamanho igual ao do desenvolvimento. Numa redação de 20 linhas, por exemplo, não deve exceder  4 ou 5 linhas.
A Introdução apresenta a idéia que será discutida no desenvolvimento. É nessa parte que se dá ao leitor uma informação sobre o assunto que será tratado. Deve ser pequena, porque, se a alongarmos demais, correremos o risco de esgotarmos o assunto no primeiro parágrafo.
PROCURE EVITAR, NA INTRODUÇÃO, FRASES COMO:
Meu caro leitor,...
Bem, atualmente, no mundo em que vivemos...
Não tenho palavras para exprimir o que sinto, mas...
Vou tentar falar sobre o tema, embora não seja fácil abordar este assunto.
Sei que não sou a pessoa mais indicada para falar sobre esse assunto. Entretanto...
Embora sabendo que a minha opinião é uma gota d’água no oceano, tentarei externá-la.
Evite iniciar sua redação com digressões (o início deve ser curto). Digressão é não ter ordenação de ideias, é ficar indo e voltando, o que confunde o leitor.
EXEMPLOS DE DIGRESSÕES
Devemos, aqui, propor um parêntese breve...
Evite isso, porque demonstra que a ordem das idéias ainda está confusa.
Por falar nisso, lembro-me de uma situação vivida algum tempo atrás...
Poderia ter sido falado antes, se tivesse havido planejamento da redação.
Antes de falar nisso, voltemos no tempo,...
Gera o processo de sair momentaneamente do tema e pode provocar problemas de entendimento.
138ª. IRONIA.
Quando quiser criticar determinado acontecimento ou pessoa, de forma humorística, depreciativa ou sarcástica, e sem apresentar posição às claras para o leitor, use o expediente da ironia.
Menina, você é um primor; não arruma nem sua própria cama!
...o velho começou a ficar com aquela cor de uma bonita tonalidade cadavérica.
Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor.
139ª. LEGÍVEL.
Considere a legibilidade do seu texto. Como é sua letra? Como está seu texto no papel? É fácil de ler?
140ª. LEITURA.
Quem lê adquire desenvoltura para criar seu próprio texto.
A leitura completa o homem, enriquece-o; a conversação torna-o ágil; e o escrever dá-lhe precisão.
Quando lemos, nosso cérebro forma uma imagem de cada palavra. É dessa maneira que sabemos como os vocábulos são escritos.
LER é ampliar horizontes; armazenar informações; compreender o mundo; comunicar-se melhor; desenvolver-se; escrever com desenvoltura; relacionar-se melhor com todas as pessoas.
Leia muito, tudo o que encontrar pela frente, inclusive revistas informativas e técnicas (Veja, Isto É, Carta Capital, Superinteressante), jornais (Folha de São Paulo, O Globo, O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil) e, principalmente, boas obras literárias, como romances, dentro de seu nível de estudo e de sua faixa etária. O ato de escrever está muito ligado ao ato de ler.
UM BRADO DE ALERTA: Quem pouco lê vai se dar muito mal em redação quando for prestar vestibular!
A leitura permanente e intensa faz milagre, já que, por meio dela, se aprende muita coisa sem se perceber, especialmente na parte gramatical relativa à acentuação, ortografia e pontuação.  Se a pessoa nada lê, será inútil decorar uma infinidade de regras gramaticais.
Uma sugestão bem intencionada para os que querem crescer: estude para assimilar, fixar, enfim, aprender. Só assim será capaz de manipular seu conhecimento com criatividade.
Não cultivar a leitura é um desastre para quem deseja expressar-se bem. Ela é condição essencial para melhorar a linguagem oral e escrita. Quem lê interioriza as regras gramaticais básicas e aprende a organizar o pensamento.
Uma boa sugestão de leitura? A coletânea, atualmente com trinta e um livros, PARA GOSTAR DE LER. A maioria absoluta dos textos é formada por centenas de crônicas dos melhores cronistas brasileiros. Serve para toda a família, inclusive para os filhos em idade escolar a partir dos dez anos. São textos curtos, simples e deliciosos.
A coleção poderá ser adquirida por intermédio da homepage da Editora Ática na Internet (http://www.atica.com.br), onde há, inclusive, informações detalhadas sobre como encomendá-la.
141ª. LETRA.
Uma letra muito ilegível pode até contribuir para a anulação da redação num vestibular.
A letra tem que ser visível e compreensível para quem lê e pode até mostrar sua personalidade.
Faça a letra com firmeza, segurança, bem clara e nítida, com tamanho médio, não confundindo o traçado das maiúsculas com o das minúsculas.
Como é a sua letra? Uma letra bonita traz inúmeras vantagens. O profissional que apresenta uma escrita legível e estética agradável sempre tem vantagens sobre o seu concorrente na hora de procurar emprego.
Para fazer uma boa redação no vestibular ou nas escolas, não é preciso cursar uma escola de caligrafia. No entanto, a letra, mesmo sendo feia, deve ser legível. Os professores se rebelam contra os alunos cujas letras são verdadeiros caracteres hieroglíficos e podem até dar-lhes notas ruins.
142ª. LETRAS DE FORMA OU DE IMPRENSA.
Não faça letra de forma, porque algumas letras de forma minúsculas parecem maiúsculas (como o “j”, por exemplo), o que poderá prejudicá-lo na correção de sua redação, tirando-lhe pontos preciosos.
Quem usar letra de forma, em vestibular ou concurso, poderá ter sua prova anulada ou tirar nota 0 (zero).
        A letra de forma dificulta a distinção entre maiúsculas e minúsculas. Uma boa grafia - legível e sem floreios - e limpeza são fundamentais. Não se esqueça dos pingos (e não bolinhas) nos "i".
143ª. LETRAS FLOREADAS.
Evite fazer letras floreadas, enfeitadas, com perninhas e rabinhos porque, às vezes, confundem-se umas com as outras e ficam até deformadas (o “r” minúsculo, estando floreado, parece “s”), o que dificulta sobremaneira o perfeito entendimento do que está escrito. O “o”, por exemplo, é redondo e não tem perninha.
Portanto, NÃO FAÇA:
palavras descendo morro; última letra do vocábulo com prolongamento exagerado para baixo; linha ou traços que cortem a palavra; a letra “c”  com traços enrolados sobre ela; palavra com letras separadas; “n” parecido com “r”; “m” com cara de “n”; “t” se confundindo com “f”; “rr” parecido com “m” ou vice-versa.
144ª. LIMPEZA.
Faça a redação limpa, sem borrões ou garranchos, e bem legível.
A limpeza contribui muito para deixar a redação bem apresentável.
O que dizer das redações cheias de borrões e sujeiras? Uma prova limpa, sem rasuras e legível, causará boa impressão ao professor.
Não risque as palavras nem faça qualquer tipo de rasura na redação, pois esse tipo de detalhe deixará uma impressão muito ruim de você.
Procure manter uma letra razoável, e nada de emporcalhar a folha. É o mínimo que se deve fazer para que o conteúdo e a qualidade do texto não desapareçam no meio de rabiscos.
145ª. LINGUAGEM COLOQUIAL.
Evite o uso da linguagem popular (coloquial) ou extravagante, bem como as que atribuem referências grandiosas sem que possam ser aceitas ou cientificamente comprovadas.
146ª. LINHAS.
Não exceda o número de linhas pedidas como limites máximos e mínimos. A tolerância máxima é de aproximadamente cinco linhas aquém ou além dos limites.
147ª. LONGO.
Evite escrever palavras ou frases longas.
Construa frases que tenham, no máximo, três orações.
Períodos excessivamente longos tornam o estilo monótono e cansativo.
148ª. MARGENS.
Atente para o alinhamento das margens e dos parágrafos. Faça margens regulares.
Lembre-se de que a margem lateral esquerda (do início da linha) deve ser um pouco maior (4 cm) que a margem lateral direita (do final da linha, 2,5 cm).
149ª. MEDO DO ERRO.
Muita gente não gosta de ser corrigida, fica constrangida. Em geral, esse sentimento acaba provocando uma aversão por escrever. Mas redigir não pode ser causa de sofrimento, principalmente em função da correção gramatical. Errar faz parte de qualquer atividade criativa, mas é preciso trabalhar – prestar atenção no que se lê e no que se escreve, procurar tirar as dúvidas, quando elas aparecem, ou estudar gramática para valer.
150ª. METÁFORA.
É o emprego de uma palavra fora de seu sentido normal, por efeito de analogia (comparação subentendida).
A Amazônia é o pulmão do mundo.
Esse homem é perigoso como uma fera!
As chamas eram centenas de línguas gigantescas.
151ª. MISTÉRIO.
Use a interrogação e a negativa quando quiser criar mistério e curiosidade em torno dos fatos.
Quem seria aquele homem que nos visitava todas as semanas e que ficava por horas conversando com meu pai? O que os dois tanto discutiam? Por que nunca podíamos estar presentes quando ele conversava com meu pai?
Se quiser criar expectativa e dúvidas, envolva sua personagem em mistério, falando dela sem a identificar no início da narrativa.
O homem do capote bateu na porta, foi atendido por meu pai, e passou umas duas horas no escritório trancado com ele. Voltou à minha casa durante anos e sempre que chegava meu pai mandava que eu fosse para o quarto. Mamãe ficava na cozinha.
152ª. MONÓLOGO.
É um tipo de texto em que alguém expressa sua maneira de ser, seu interior, suas emoções, seu pensamento. É uma conversa consigo mesmo.
Se não tem ninguém para conversar e fala sozinho (“com seus próprios botões”) ou com alguém (ou algo) que não pode responder, está, então, monologando.
Deveria falar-lhe, dizer-lhe o que sentia por ela? Talvez não pudesse conter as emoções toda vez que a visse. E então diria a ela tudo o que sempre quisera. Que a amara desde a primeira vez que a vira, que aguardava ansiosamente o momento em que a veria de novo. Que não hesitaria em fugir com ela, se essa fosse a condição para ficarmos juntos. Largaria tudo: casa, emprego, posição social, amigos...
153ª. NÃO USE.
Palavras ou frases ridículas, contraditórias, desnecessárias, que não se ajustem ao tema proposto.
Expressões vulgares, pobres, como:
Em primeiro lugar, em segundo lugar, essas mal traçadas linhas, etc.
154ª. NARRAÇÃO.
É o relato de um fato, de um acontecimento. Há personagens atuando e um narrador que relata a ação.
Tente fazer com que os diálogos escritos, em caso de narração, pareçam uma conversa.
A narração está vinculada à nossa vida, pois sempre temos algo a contar.   Narrar é relatar fatos e acontecimentos, reais ou fictícios, vividos por indivíduos, envolvendo ação e movimento.
155ª. NATURALIDADE.
Seja natural. Evite o uso de palavras de efeito apenas para impressionar a banca corretora.
Imagine o leitor à sua frente ou ao telefone conversando com você. Fique à vontade. Espaceje suas frases com pausas. Sempre que couber, introduza uma pergunta direta. Confira a seu texto um toque humano. Está redigindo para pessoas. Gente de carne e osso.
156ª. NEOLOGISMOS.
O candidato a uma vaga nas universidades precisa usar a língua portuguesa de maneira adequada e se utilizar de termos semanticamente precisos e corretos. Jamais escreva uma palavra cujo sentido real não conhece.
Norma culta não quer dizer termos sofisticados, mas palavras simples e precisas no contexto da redação. Preciosismos (palavras complicadas)? Nem pensar!
Portanto, nunca use os neologismos incultos do tipo “imexível”, “windsurfar”,   “inconstitucionalizável”, etc.
157ª. NOTÍCIA.
É a expressão de um fato novo, que desperta o interesse do público a que o jornal se destina. Caracteriza-se por ter uma linguagem clara, impessoal, concisa e adequada ao veículo que a transmite.
158ª. NÚMERO.
Escreva o número por extenso, como: dois, três, oito, quinze, vinte... antes de substantivo funcionando como adjunto adnominal.
159ª. O.
Tanto maiúsculo, quanto minúsculo, têm que ser redondos, fechados, sem “perninha” embaixo.
160ª. OBJETIVIDADE.
Seja objetivo e imparcial. Não use de forma exagerada e  nem abuse de verbos no imperativo.
Como 20 (vinte) a 30 (trinta) linhas proporcionam um espaço muito pequeno para você discorrer sobre qualquer assunto, procure ser objetivo, abordando, somente, os fatos principais, evitando entrar em detalhes que não interessam muito. Você tem que expressar o máximo de conteúdo com o menor número de palavras possíveis. Portanto, não repita ideias nem use palavras demais que só aumentem as linhas desnecessariamente. Concentre-se no que é realmente indispensável para o texto. A pesquisa prévia ajuda a selecionar melhor o que se deve usar.
161ª. OBSCURIDADE.
Significa falta de clareza, em razão de frases excessivamente longas (prolixas) ou exageradamente curtas (lacônicas), linguagem rebuscada, má pontuação ou pontuação defeituosa, impropriedade dos termos.
Tenho uma prima que trabalha num circo como mágica e uma das mágicas mais engraçadas era uma caneta com tinta invisível que em vez de tinta havia saído suco de lima.   
Observe aí a incapacidade de se organizar sintaticamente o período. Selecionar as frases e organizar as ideias é imprescindível. Escrever com clareza é de fundamental importância.
EXEMPLO DE TEXTO OBSCURO:
A exegese de textos religiosos não pode prescindir do conhecimento filológico que o diletante não deve hesitar em considerar como propedêutica para qualquer trabalho heurístico com textos arcaicos.
O MESMO TEXTO, MAS COM ESTRUTURA MAIS CLARA E DIRETA:
Para interpretar textos religiosos é preciso ter conhecimento da história da evolução das línguas. Aquele que se inicia nesse estudo deve preparar-se, então, começando pela análise de textos antigos.
162ª. ÓBVIO.
Pleonasmo vicioso. É aquilo que “tá na cara”! Evite escrever, por exemplo: O homem é um ser que vive. Todo homem é mortal.
NUNCA ESCREVA
DEIXE O ÓBVIO DE LADO
Viu o que tinha que ver e saiu.
Viu tudo a que se propôs anteriormente, em seguida saiu.
Machado de Assis é um grande escritor, pois escreve muito bem.
Machado de Assis é um grande escritor.
O avião é o meio de transporte mais seguro, pois com ele ocorrem menos acidentes.
O avião é o meio de transporte mais seguro.
163ª. ONDE.
Não empregue ONDE como sinônimo de EM QUE, NO QUAL, ou até mesmo DE QUE. O ONDE só pode ser empregado nessa função quando substitui uma palavra que indica lugar.
164ª. OPINIÃO PESSOAL.
Não coloque sua opinião pessoal no texto. Analise um assunto proposto emitindo opiniões gerais. Pode até se posicionar sobre determinados temas, mas disserte de uma maneira mais imparcial, ou seja, sem exageros ou manifestações emocionais.
Eu acho que pessoas que assassinam inocentes criancinhas deveriam ser postas em cadeiras elétricas.
A Justiça no Brasil vai de mal a pior. Além dos contraventores usuais, agora também homens da lei imergem no crime, e a escala desses marginais oficiais já atingiu a Magistratura. O país precisa de novas e urgentes leis.
165ª. ORDENAÇÃO.
A falta de ordenação das ideias é um erro comum  e indica, segundo os organizadores de vestibulares, que o candidato não tem o hábito de escrever. O texto fica sem encadeamento e, às vezes, incompreensível, partindo de uma idéia para outra sem critério, sem ligação.
166ª. ORGANIZAÇÃO.
É avaliada a capacidade do aluno de organizar os argumentos que fundamentarão a conclusão do texto.
Seu texto está bem organizado? Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão?
Tem frases curtas e claras, ausência de termos repetidos, sequencia dos fatos e criatividade?
167ª. ORIGINALIDADE.
Seja o mais original possível, porque a transcrição de frases implica perda de pontos preciosos quando da correção da redação.
Ser original não é criar algo novo para a literatura, é sermos nós mesmos. Escreva à sua maneira, imprima sua marca pessoal ao SEU estilo, evitando os lugares-comuns e os chavões.
Como ser original ao se fazer uma redação? É simples, ouse. Se você se limita a repetir o que tudo mundo diz, como um papagaio, com medo de errar, provavelmente cairá no lugar-comum e na mediocridade. Tenha a preocupação de inovar, com coragem. Seja atrevido. A segurança virá aos poucos e com a satisfação de perceber que fez algo seu, com seu próprio padrão de qualidade.
O uso excessivo de certas figuras de linguagem ou de alguns provérbios acarreta o empobrecimento da redação. Como tudo que existe, as palavras também se desgastam. É preciso criar novas figuras para expor suas ideias. Escrever que a namorada é uma flor, ou que filho de peixe, peixinho é, não realça a redação de ninguém. Use a imaginação para não precisar desses chavões antigos e pobres.
168ª. PALAVRAS.
Use as palavras certas nos lugares certos.
Não exagere no uso de palavras do tipo: problema, coisa, negócio, principalmente, etc.
Entre duas palavras, escolha, sempre, a mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais curta.
Quando for revisar sua redação, corte vocábulos desnecessários, use sinônimos ou, se for o caso, mude a frase.
NO LUGAR DE
ESCREVA
Empreender
Fazer
Regressar ou retornar
Voltar
Pleito
Eleição
Usuário
Passageiro
Óbito
Morte
Matrimônio
Casamento
169ª. PALAVRAS ADEQUADAS.
Use palavras que estejam em perfeita concordância com o que está escrevendo.
ERRADO
CERTO
O gosto do dinheiro.
O gosto pelo dinheiro.
…grande sono,  por causa das noites sem dormir.
…muito sono,  por causa das noites sem dormir.
Tomei banho de piscina.
Tomei banho na piscina.  (Pode-se tomar banho de água, não de piscina).
A canoa quase virou e, por isso, tomei um grande choque.
A canoa quase virou e, por isso, tomei um grande susto. Tomar choque é receber uma descarga elétrica. O mais correto, no caso, é tomar um susto.
170ª. PALAVRAS CURTAS.
Prefira palavras curtas e simples. Os vocábulos longos e pomposos criam uma barreira entre leitor e autor. Fuja deles. Seja simples. Entre duas palavras, prefira a mais curta. Entre duas curtas, a mais expressiva. Casa, residência ou domicílio? Casa, é claro!
171ª. PALAVRAS ESTRANGEIRAS.
Evite usar palavras estrangeiras. Quando empregá-las, coloque-as entre aspas.
172ª. PALAVRAS  OU EXPRESSÕES GASTAS.
Evite escrever palavras ou expressões que, depois de entrarem na moda, tornam-se gastas, como:
desmistificar, contexto, sofisticado, inacreditável, principalmente, devido a, através de, em nível de, tendo em vista, etc.
...é aos dezoito anos que se começa a procurar o caminho do amanhã e encontrar as perspectivas que nos acompanharão para sempre na estrada da vida.
Não se utilize de expressões parecidas com as grifadas no texto, porque são consideradas gastas e vulgarizadas pelo uso contínuo e irão comprometer  a boa qualidade do texto.
173ª. PALAVRAS REPETIDAS.
Evite as repetições de palavras. Troque-as por sinônimos. Se já usou linda, por exemplo, use bela (ou bonita), a depender da ênfase que queira dar à frase. Após ter usado professor, use educador ou docente. Para não repetir o adjetivo doente, use enfermo.
Portanto, nunca repita várias vezes a mesma palavra. Um dos erros que mais prejudica a expressão adequada de suas ideias é a insistente repetição de um mesmo vocábulo. Isso causa uma impressão desagradável a quem lê ou corrige sua redação, além de sugerir pobreza de vocabulário.
FRASE COM PALAVAS REPETIDAS
MELHOR
Ela estava que era uma vaidade só, exibia seus vaidosos colares, sua vaidosa fala, seu vaidoso jeito de andar.
Ela estava muito vaidosa aquele dia, exibia colares caros, fala pedante, andava com pompa.
174ª. PARÁGRAFOS.
Use parágrafos diferentes para ideias (assuntos) diferentes. Uma redação sobre o carnaval atual, por exemplo, você poderá subdividi-la em três parágrafos, a saber:
PRIMEIRO PARÁGRAFO
Carnaval de clube, mencionando a grande beleza na sua decoração, a presença de dois conjuntos tocando, quando for o caso, para que o folião pule o tempo todo, sem parar, com mais conforto, pelo fato de o ambiente ser fechado, etc.
SEGUNDO PARÁGRAFO
Carnaval de rua, dando especial destaque ao desfile dos blocos, das escolas de samba e aos trios elétricos.
TERCEIRO PARÁGRAFO
Conclusão, citando a ressaca (o cansaço), o dinheiro gasto, as noites sem dormir, etc.
O texto deve ter parágrafos bem distribuídos, articulados e interligados um ao outro coerentemente.
Não construa parágrafos longos, constituídos de um só período composto, recheado de orações e de relações sintáticas.
Não faça parágrafos muito curtos nem muito longos. O ideal seria que contivessem, no mínimo, 4 linhas e, no máximo, 7 linhas.
Não deixe parágrafos soltos. Faça uma ligação entre eles, pois a ausência de elementos coesivos entre orações, períodos e parágrafos é erro grave.
Obedeça ao parágrafo ao iniciar a redação, isto é, não comece a escrever logo no início da linha. O parágrafo é marcado por um ligeiro afastamento com relação à margem esquerda da folha (três centímetros aproximadamente). E sempre que houver outros parágrafos no decorrer da redação, siga o alinhamento do parágrafo inicial.
175ª. PARÊNTESES, TRAVESSÃO DUPLO.
Sempre que quiser  fazer dentro da narração ou da descrição, um comentário à parte, empregue os parênteses ou o travessão duplo.
176ª. PARÓDIA.
É a imitação engraçada ou ridícula de outro texto.
177ª. PERÍFRASE OU AUTONOMÁSIA.
É uma expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou.
Visitou a cidade do forró.
Pelé, o Rei do Futebol, fez muitíssimo pelo esporte.
O Príncipe dos Poetas também teve outras atividades que o tornaram famoso.
178ª. PERÍODO.
Construa períodos com duas ou três linhas no máximo.
179ª. PINGO.
Não faça “carnaval” na redação. Para levar a escrita a sério e responsavelmente, coloque pingo (e não bolinha) sobre o "i" e o "j" minúsculos.
180ª. PLANEJAMENTO.
Toda redação tem: Introdução (princípio), desenvolvimento (meio) e conclusão (fim).
O planejamento do texto que escreve não deve ser visto como algo contra sua liberdade de expressão, mas como um guia para aumentar suas chances de sucesso.
Planeje o texto. Delimite o tema, defina o objetivo, selecione as ideias capazes de sustentar sua tese. Depois, faça um plano com o assunto geral do texto, o aspecto do tema que vai ser tratado, aonde  quer chegar e, finalmente, os argumentos, exemplos, comparações, confrontos e tudo que ajudar na sustentação do ponto de vista que quer defender.
181ª. PLANO.
Faça sempre, antes de escrever, um plano escrito de sua redação, para orientar-se e observar melhor a sequencia das ideias apresentadas.
182ª. PLEONASMO OU REDUNDÂNCIA.
É a repetição desnecessária de palavras, expressões ou ideias.
FRASES COM PLEONASMOS
CORRIJA-AS PARA
Subir para cima
Subir
Entrar para dentro
Entrar
Voltar para trás
Voltar
A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria.
A brisa matinal enchia-o de alegria.
Ele teve uma hemorragia de sangue.
Ele teve uma hemorragia.
No entanto, pode ser usado como figura de construção, com função estilística, para enfatizar uma idéia e tornar a mensagem mais expressiva.
A mim, ensinou-me tudo.
A música exige ouvidos de ouvir!
As flores, dou-as a você, com carinho.
183ª. PLURAL.
Cuidado com a formação do plural de algumas palavras, sobretudo as compostas — primeiro-ministro, abaixo-assinado, luso-brasileiro, etc.
184ª. POLISSEMIA.
Tire proveito da polissemia das palavras, para criar situações de mal-entendidos e de humor.
Os políticos fazem na vida pública o que os outros fazem na privada.
A máquina de ferro resfolegava à distância, seu apito chegando até os passageiros que esperavam pelo embarque. Quando o trem parou, a movimentação tomou conta da plataforma da estação.
185ª. POLISSÍNDETO.
É a repetição de conjunções para conseguir determinado efeito na frase. Use-o nas enumerações para sugerir o excesso e a reação da personagem ou do narrador a esse exagero.
FRASES COM POLISSÍNDETOS
Mão gentil, mas cruel, mas traiçoeira.
Falei, e falei, e pedi, e supliquei, tudo em vão.
Foi então que chorei e chorei até que ele me ouvisse.
186ª. PONTO.
Depois de ponto usa-se, sempre, inicial maiúscula.
Evite escrever mais de duas linhas sem um ponto final sequer.
Use-o à vontade. Pontos encurtam frases, dão clareza ao texto e facilitam a compreensão.
Não há ponto após siglas (LTDA, CIA) ou abreviaturas de metros (m), horas (h), quilômetros (km), etc.
Ao colocar o ponto, faça-o bem redondo (mas não uma bolota) e bem perto da última letra da palavra. Qualquer rabisco que ele contiver vai ficar parecendo uma vírgula, o que é errado.
187ª. PONTO DE EXCLAMAÇÃO.
Após um ponto de exclamação (!) a palavra seguinte não precisa começar com letra maiúscula, pois o ponto de exclamação funciona como vírgula, não significando o fim da frase.
Ah! como Renata era linda.
188ª. PONTO E VÍRGULA.
Evite usá-lo, porque só é empregado em casos muito especiais e serve para marcar uma pausa maior que a vírgula.
Os sem-terra não quiseram resistir; a situação parecia tensa demais.
Vermelho é o sinal para parar; amarelo, para aguardar; verde, para seguir adiante.
O voto é obrigatório; os eleitores, portanto, deverão exercer esse direito com consciência.
189ª. PONTUAÇÃO.
Uma pontuação errada pode comprometer toda a assimilação do conteúdo textual.
A pontuação existe para facilitar a leitura do texto. O seu texto está bem pontuado?
Distribua harmoniosa e adequadamente as pausas ao longo da frase, pontuando-a devidamente.
Empregue a pontuação corretamente, pois uma simples vírgula, fora do lugar adequado, pode mudar profundamente o sentido da frase.
A pontuação deve obedecer às paradas respiratórias e, também, à entonação que queiramos dar a cada frase. Uma parada breve na respiração significa a colocação de uma vírgula, enquanto uma respiração longa pedirá a colocação de um ponto na frase.
EXEMPLOS DE TEXTOS CONFUSOS, POR FALTA DE PONTUAÇÃO
CORRIJA-OS PARA
Maria toma banho e sua mãe diz ela traga-me uma toalha.
Maria toma banho e sua; mãe, diz ela, traga-me uma toalha.
Voar dez mil metros sem beber água uma andorinha só não faz verão.
Voar dez mil metros sem beber água? Uma andorinha só não faz: verão!
Um lavrador tinha um bezerro e a mãe do lavrador era também o pai do bezerro.
Um lavrador tinha um bezerro e a mãe. Do lavrador era, também, o pai do bezerro.
190ª. POSITIVO.
Coloque as sentenças na forma positiva. Diga o que é, nunca o que não é. Em vez de escrever “ele não assiste regularmente às aulas”, escreva “ele falta com frequência às aulas”.
191ª. PRECIOSISMO.
Consiste no uso de palavras ou expressões antigas (arcaísmos) de construções rebuscadas das frases.
Baixar a inflação? Isso é colóquio flácido para acalentar bovino.
Na pretérita centúria, meu progenitor presenciou o acasalamento do astro-rei com a rainha da noite.
FRASES COM PRECIOSISMOS
PREFIRA
O exame fora deveras difícil.
O exame fora realmente difícil.
O mancebo deu-me a honra de uma contradança.
O rapaz tirou-me para dançar.
Destarte, não devemos ser assaz exigentes com os alunos.
Assim, não devemos ser muito exigentes com os alunos.
192ª. PRECISÃO.
Use vocábulos ou expressões adequadas, ou seja, termos próprios definindo clara e eficientemente a idéia, para não cair na pobreza de vocabulário. É preciso pesar as palavras e aprender todo o seu significado, sob pena de usá-las indevidamente na frase.
Certifique-se do significado correto das palavras que vai utilizar em determinado período e verifique se existe adequação desse significado com as ideias expostas. A vulgaridade de termos ou impropriedade de sentido empobrecem bastante o texto.
ALGUNS EXEMPLOS DEPLORÁVEIS
CORREÇÃO
Estou convincente de que...
Estou convencido de que...
Era um tapete de alta valorização...
Era um tapete de alto valor...
Urgem campanhas no sentido de exterminar os analfabetos.
Urgem campanhas no sentido de exterminar o analfabetismo.
É impossível conhecer os antepassados dos candidatos...
É impossível conhecer os antecedentes dos candidatos...
193ª. PRECONCEITO.
Não escreva a palavra “judia” nem outros termos que tenham conotação preconceituosa.
194ª. PREGUIÇA.
Lembre-se: as piores inimigas da redação são a preguiça mental e a falta de leitura.
195ª. PRIMEIRA PESSOA.
A redação deve ter o caráter impessoal (3ª pessoa),  evitando-se a 1ª pessoa, principalmente a do singular, salvo em citações.
Não utilize a primeira pessoa em sua redação, principalmente quando for determinado texto objetivo. Alguns vestibulares tiram pontos caso a use. Sua opinião deverá ser dada por um sujeito indeterminado.
Evite expressões do tipo: “Na minha opinião”, “Ao meu ver”, etc.
Em vez de: “Eu acho que a privatização deveria acontecer...”, escreva: “A privatização deveria acontecer...”
196ª. PRIMEIRO LUGAR.
Não se coloque em primeiro lugar, ao citar-se juntamente com outras pessoas.
ESCREVA, CORRETAMENTE
Roberto, Paula e eu gostamos da festa.
Meu pai e eu somos bons amigos.
197ª. PROCURAÇÃO.
Documento que autoriza outra pessoa a tratar de seus negócios. É obrigatório o reconhecimento de firma.
198ª. PROLIXO.
Linguagem prolixa é aquela desenvolvida através de termos e expressões supérfluas, digressões inúteis, excesso de adjetivos, períodos extensos e emaranhados.
Ser prolixo é ficar “enrolando”, “enchendo linguiça”, não ir direto ao assunto.
Antes de mais nada, sem mais delongas, permito-me apresentar minhas sinceras e respeitosas discordâncias com relação às proposições que vossa senhoria fez presentes nesse colóquio.
Expressões prolixas: antes de mais nada, muito pelo contrário, por outro lado, por sua vez.
199ª. PRONOME.
Cuidado com o emprego ambíguo dos pronomes seu, sua, dele, dela.
Não comece frase com pronome.
ERRADO
CERTO
Me dá
Dá-me
Me presenteou
Presenteou-me
Lhe disse isso
Disse-lhe isso
          Evite usar pronomes a todo o momento.
EM VEZ DE
PREFIRA
Eu brinquei
Brinquei
Eu estudei
Estudei
Eu dormi
Dormi
Não empregue pronomes pessoais do caso reto no lugar do pronome oblíquo. Escreva sempre “julgá-lo”, nunca “julgar ele”.
200ª. PROSOPOPÉIA.
É a atribuição de qualidades ou sentimentos humanos a seres irracionais ou inanimados.
A Lua espia-nos através da vidraça.
A raposa disse algo que convenceu o corvo.
O tempo passou na janela e só Carolina não viu.
201ª. PROVÉRBIO OU DITO POPULAR.
Não utilize provérbios, ditos populares, frases feitas, pois eles empobrecem a redação. Faz parecer que seu autor não tem criatividade ao lançar mão de formas já gastas pelo uso frequente.
Portanto, nada de ficar usando:
A palavra é de prata e o silêncio de ouro.
Quem com o ferro fere, com o ferro será ferido.
Entretanto, como já diziam os sábios: depois da tempestade sempre vem a bonança. Após longo suplício, meu coração apaziguava as tormentas e a sensatez me mostrava que só estaríamos separadas carnalmente.
202ª. QUANTIDADE DE LINHAS.
Não deixe linhas em branco no corpo do texto.
Não faça menos nem ultrapasse o máximo de linhas exigido na redação.
Quando for redigir alguns temas, para efeito de treinamento, escreva 15 (quinze) linhas no mínimo a 30 (trinta) linhas no máximo, pois é assim que são pedidas as redações em vestibulares e concursos.
203ª. QUE, DE QUE.
Lembre-se de que os verbos gostar e precisar são transitivos diretos e, portanto, são sempre precedidos de “de que”.
ERRADO
CERTO
Outra coisa que gostei.
Outra coisa de que gostei.
O livro que precisava era aquele.
O livro de que precisava era aquele.
Este é o professor que lhe falei.
Este é o professor de quem lhe falei.
204ª. QUEÍSMO.
É o uso excessivo do “que”, cuja consequência é produzir períodos longos. Evite-o.
ERRADO
CERTO
Aquele que diz que faz que é forte e que tudo pode é que teme que se diga dele que é fraco e que nada pode.
Quem diz ser forte e tudo poder teme que se revele sua fraqueza e impotência.

Este é o apartamento que comprei de João, que tinha outros seis imóveis que estavam todos à venda.
Este é o apartamento que comprei de João, dono também de outros seis imóveis. Estavam todos à venda.
205ª. RADICALISMO.  
Não afirme o que não pode provar.
Evite análises radicais e posições extremistas, injustas e levianas.
Nada como um texto equilibrado. Posicione-se, mas sem exagero.
Todos os deputados são corruptos.
A bem da verdade, nem todos o são, não é mesmo?
Esse tipo de gente merece ser exterminado.
Radical demais, não lhe parece? E até grosseiro!
206ª. RASCUNHO.
Jamais deixe de fazer o rascunho. Ele é a primeira versão do texto. Os escritores fazem várias versões de seus livros antes de publicá-los. Não seja você, um iniciante, a querer dispensá-lo. Nele há a possibilidade de melhorar sua redação, alterar palavras, construir melhor os períodos, mudar a posição dos parágrafos, etc.
Para evitar rasuras no texto definitivo, releia o rascunho com muita atenção. Não tenha preguiça nem pressa em passá-lo a limpo. O sucesso do seu texto depende, muitas vezes, de uma leitura atenta e cuidadosa do rascunho.
Ao reler o rascunho, você se torna um leitor crítico do próprio texto. Revise-o com muita atenção: elimine, acrescente, substitua. Questione o seu texto. Esse trabalho irá, certamente, contribuir para a qualidade de seu texto definitivo.
207ª
. RASURAS,  BORRÕES.
Não use borracha.
Não apresente as questões desarrumadas e riscadas.
Não faça rasuras, marcas, sinais e borrões no corpo da redação.
Em caso de erro na redação já passada a limpo, risque o que estiver errado e escreva adiante de modo correto.
208ª. REALIDADE.
A realidade pode ser reproduzida literalmente ou, a partir dela, pode-se criar uma outra, com sensibilidade e imaginação.
Dorme a floresta circundante, sem sussurros de brisas, nem regorjeio de aves. Só o urutau pia longe, e uma ou outra suindara perpassa. No centro do terreiro, atado a um poste da canjerana rija, o prisioneiro branco vela.
As lágrimas da cidade enchiam bueiros que não aguentavam e empurravam para fora toda a sujeira interior. Os carros parados, na infinita espera de algo que não iria acontecer, com suas buzinas destoantes do choro de São Paulo.
209ª. RECIBO.
É um documento que comprova o recebimento de um pagamento.
210ª. REDAÇÃO OU COMPOSIÇÃO.
Leia atentamente o que está sendo solicitado.
As provas de redação têm maior peso na maioria dos vestibulares.
Planeje o texto sem utilizar fórmulas prontas. O fio condutor deve ser seu pensamento. Acredite em seus pontos de vista e defenda-os com convicção. Eles são seu maior trunfo. Capriche no conteúdo, não se desviando do tema proposto, e não se descuide da parte gramatical.
Escrever uma redação é como vender um peixe. Você precisa convencer o cliente da qualidade do seu produto. O texto escrito não é para você. Será lido e entendido por outras pessoas. Ninguém vai perder tempo para ler textos confusos e ininteligíveis. Portanto, capriche na escrita, alinhe os parágrafos, escolha bem o vocabulário, mostre organização.
Leia e releia aquilo que escreveu e faça a você mesmo as seguintes perguntas: será que vão entender minhas ideias? Fui claro em minhas exposições? As orações estão bem coordenadas entre si? Será que os períodos estão muito longos e cansativos para quem irá lê-los? Escrevi muito e não disse nada? Houve fuga do tema? Escrevi o mínimo de linhas exigido pelo vestibular?
211ª. REDUNDÂNCIA.
Cuidado com as redundâncias. É errado escrever, por exemplo: “Há cinco anos atrás”. Corte o “há” ou dispense o “atrás”. O certo é “Há cinco anos...”.
212ª. REGÊNCIA.
Fique atento à regência de verbos e nomes, sobretudo daqueles que exigem a preposição “a”, para não cometer erro no emprego da crase.
213ª. REGÊNCIA VERBAL.
Regência Verbal é um assunto complicado, não acha? Não deveria ser, mas é. Existem vícios que desvirtuam a correta regência de diversos verbos.
O verbo “desfrutar” é muito empregado com regência errada. Por ser transitivo direto, não exige preposição antes de seu complemento. No entanto, o que mais se vê é um “de” insistente acompanhando-o, como na frase: “Eu e meu amigo desfrutamos das férias num paradisíaco balneário”. Errado! O correto é: “Eu e meu amigo desfrutamos as férias num paradisíaco balneário”.
214ª. RELER.
Releia com o máximo de atenção o texto que escreveu, antes de passá-lo a limpo, para não deixar ficar erros bobos, tolos, que poderão comprometer seriamente sua nota final.
Lembre-se: é fundamental pensar, planejar, escrever e reler seu texto. Mesmo com todos os cuidados, pode ser que não consiga se expressar de forma clara e concisa. A pressa pode atrapalhar. Com calma, verifique se os períodos não ficaram longos, obscuros. Veja se não repetiu palavras e ideias. À medida que relê o texto, essas falhas aparecem, inclusive erros de ortografia e acentuação. Não se apegue ao escrito. Refaça o texto, se for preciso. Não tenha preguiça, passe tudo a limpo quantas vezes forem necessárias. No computador, esta tarefa se torna mais fácil. Faça sempre uma cópia do texto original. Assim se sentirá à vontade para corrigi-lo quantas vezes quiser.
215ª. RELIGIÃO.
Não faça propaganda de doutrinas religiosas na redação. Mantenha-se sempre imparcial.
A religião, qualquer que seja ela, é uma questão de fé; a dissertação, por sua vez, é uma questão de argumentação, que se baseia na lógica. São, portanto, duas áreas situadas em diferentes planos. Não há como argumentar de modo convincente com base em dogmas religiosos; os preceitos de fé independem de provas ou evidências constatáveis. Torna-se, assim, completamente descabido fundamentar qualquer tema dissertativo em ideias que se situem em um plano que transcende a razão.
216ª. REPETIÇÃO.
Evite:
Dizer a mesma coisa duas vezes para explicar melhor.
Pormenores (detalhes), divagações, exemplos excessivos.
Palavras terminadas em “ão”, “ade”, “ente”, etc, pois provocam eco (rima inconveniente e condenável) na redação.
Repetições de palavras e de ideias, principalmente no mesmo parágrafo. Troque-as por sinônimos. A repetição de palavras denota falta de cultura, de conhecimento geral e pobreza de vocabulário, além de certa preguiça mental.
O emprego repetitivo das palavras eu, nós, ele, ela, e, que, porque, daí, aí, então, mas (esta, por exemplo, pode ser substituída por contudo, todavia, no entanto).
217ª. REPORTAGEM.
É uma notícia em profundidade. Caracteriza-se  pela exposição enriquecida e profunda do fato.
218ª. REQUERIMENTO.
É um documento (texto administrativo), manuscrito ou datilografado, no qual o cidadão (interessado), depois de se identificar e se qualificar, faz um pedido (solicitação) à autoridade competente. Só é usado quando é pedido ao serviço público. Se traz a solicitação de várias pessoas, chama-se Memorial.
219ª. RESUMO.     
Num resumo, não comente as ideias do autor. Registre apenas o que ele escreveu, sem usar expressões como segundo o autor..., o autor afirmou que....
Resumo é uma síntese das ideias, fatos e argumentos contidos num texto. Para fazê-lo, empregue suas próprias palavras, evitando, na medida do possível, reproduzir cópias do texto original.
Ler não é apenas passar os olhos no texto. É preciso saber tirar dele o que é mais importante, facilitando o trabalho da memória. Saber condensar as ideias expressas em um texto não é difícil, basta reproduzir com poucas palavras aquilo que o autor disse.
220ª. RETICÊNCIAS.
Nas dissertações objetivas, evite as reticências. A clareza na exposição é preferível a esperar que o leitor adivinhe o que você quis dizer.
As reticências marcam uma interrupção da sequencia lógica do enunciado, com a consequente suspensão da melodia. É utilizada para permitir que o leitor complemente o pensamento suspenso.
A língua escrita apresenta muitas diferenças em relação à língua falada. Observe como as reticências às vezes são utilizadas para criar o clima de mistério: “era sexta-feira...”
221ª. REVISÃO.
Revise a redação. Ela tem começo, meio e fim? Defendeu seu ponto de vista de maneira convincente? Escreveu parágrafos com tópico frasal e desenvolvimento? Respeitou as normas gramaticais vigentes?
Quando for revisar a redação, redobre os cuidados com a crase e a concordância. Triplique a atenção com a voz passiva sintética (do tipo "vendem-se carros") e do sujeito posposto ao verbo.
222ª. RISO.
Tire partido dos dados imprevisíveis e inadequados para conseguir o interesse do leitor pelo texto (e, muitas vezes, o riso).
— Ah, estou com vontade de passar a noite com a Luiza Brunet de novo. — O quê? Não me diga que já passou a noite com ela? — Não, mas já tive vontade antes.
Nem acreditei que aquele rapaz, tão jovem, olhava para mim! Então, ele gritou: — Tia, o porta-malas está aberto! — Fui para casa, com o porta-malas aberto e a cara mais fechada do que fundo de touro subindo a ladeira.
223ª. ROMANTISMO.
Afaste-se do romantismo fácil, mas não se furte à sinceridade da apresentação de seus sentimentos.
E quando você vai embalar o neto e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz “Vó”, seu coração estala de felicidade, como pão ao forno.
Os céticos dizem que as mulheres são verdadeiras surpresas, nem sempre muito agradáveis. Mas, como saber, se não tentar chegar ao fundo dos nossos sentimentos? E, se amo, tenho de arriscar, concordam comigo?
224ª. SILEPSE.
É a concordância com a idéia, não com a palavra escrita.
Vossa Majestade continua bondoso!
Os brasileiros somos muito otimistas.
Corria gente de todos lados, e gritavam.
225ª. SIMPLICIDADE.
Escreva com suas próprias palavras e produza novas ideias.
Use palavras conhecidas, adequadas e períodos curtos. Escreva com o máximo de simplicidade. Amarre as frases, organizando as ideias. Cuidado para não mudar de assunto de repente. Conduza o leitor de maneira leve pela linha da argumentação.
Alguns estudantes pensam que, utilizando palavras pomposas, artificiais, difíceis e rebuscadas, conseguirão impressionar os corretores de provas. Puro engano! Os vocábulos devem ser os mais comuns possíveis.  Portanto, escreva com simplicidade. O uso de termos complicados não é prova de que você sabe escrever bem.
Neste tempo em que é preciso, ainda que ocasionalmente, jactar-se do que produzimos intelectualmente, far-nos-á muito bem que tenhamos, por hora, um projeto desenvolvimentista uniforme capaz de...
Ora, qualquer banca corretora, ao ler o texto acima, vai saber muito bem tratar-se de um plágio de alguém, ou, então, achar que você é um marciano!
226ª. SINAIS.
Faça o til e o cedilha com nitidez, e não simples rabiscos ou traços confusos e inexpressivos.
227ª. SINESTESIA.
É uma espécie de metáfora que consiste na união de impressões sensoriais diferentes.
Use-a, se puder, para, através de duas sensações, indicar mais vivamente um objeto ou ser.
Um grito áspero, palavras douradas, cheiro quente.
O cheiro doce e verde do capim trazia recordações da fazenda...
A presença inesperada do sumo pontífice no encontro comoveu a todos. O toque de mão suave, o semblante sereno, o leve odor de rosas que emanava de sua presença provocou em todos uma sensação de paz.
228ª. SOLECISMOS.
Ocorre quando há desvios de sintaxe quanto à concordância, regência ou colocação.
Obedeça o chefe.
Quem fez isso foi eu.
Faltou muitos alunos no dia do jogo da Seleção do Brasil.
Que fique bem claro uma coisa: as frases acima estão gramaticalmente incorretas.
229ª. SUBSTANTIVO, VERBO.
Abuse do uso de substantivos e verbos. Seja sovina com adjetivos e advérbios. Eles são os inimigos do estilo enxuto.
Matar ou matar. De quebra, morrer. No campo de batalha o soldado pouca chances tem de escolhas diferentes dessas.
A tarde cai. O céu escurece rapidamente, como convém à estação outonal. O silêncio vai se instalando na pequena vila onde, a partir de agora, só o luar iluminará as ruas.
230ª. SUJEITO.
A menos que queira enfatizar muito o sujeito, ou precise evitar confusão na interpretação sobre quem está falando, omita o pronome sujeito, ou não abuse de seu emprego.
Ao longe, avistaram um velho abatido vindo ao encontro deles. Decidiram parar. “Credo! Isso é coisa do demo!”, falou o terceiro se benzendo. É... e eles tinham razão.
Pedro resolveu omitir seu nome. Na verdade, ninguém precisaria  saber que  era filho de  empresário famoso; nada lhe acrescentaria de bom e, ao contrário, poderia tornar-se alvo de bandidos naquela região perigosa do Rio.
231ª. SUPERLATIVOS.
Cuidado com “superlativos criativos” do tipo “mesmamente”, “apenasmente”, etc.
232ª. SUSPENSE.
Quando quiser criar suspense, acumule dados, ação inesperada, apresente consequências, deixando a causa para o final.
Todos estavam apreensivos, esperando o anúncio do vencedor do concurso. O mestre-de-cerimônias abre a solenidade com uma longa lista de agradecimentos. A cada nome, a ovação da plateia interrompe o correr da solenidade. Começa agora a leitura dos nomes dos vencedores. Juliano está com o coração na mão. O envelope vai ser aberto. Mas tudo escurece subitamente. Não é que falta luz no exato momento em que os nomes seriam anunciados! Juliano não aguenta a ansiedade.
233ª. T (minúsculo).
Corte-o corretamente, sem floreio, mais ou menos no meio, totalmente, e não um traço qualquer, em cima.
234ª. TAMANHO DA FOLHA.
Use, para treinamento, folha de papel almaço (pautado) ou, então, folha de caderno escolar para 10 (dez) matérias (o maior), espiral.
235ª. TAMANHO DAS LETRAS.
Escreva com letras médias (nem muito grandes, nem muito pequenas). Letras muito pequenas vão dificultar a correção do texto e letras muito grandes vão proporcionar poucas palavras em cada linha e, consequentemente, uma abordagem superficial do assunto.
236ª. TELEGRAMA.
É utilizado para comunicação urgente. Deve-se suprimir do pequeno texto qualquer palavra dispensável, como artigos, preposições, conjunções e sinais de pontuação. Ponto será grafado com PT e vírgula com VG.
237ª. TEMA.
Leia o tema que vai desenvolver com atenção, analisando com profundidade as ideias nele contidas.
Fácil ou difícil, agradável ou não, o tema terá que ser enfrentado. A melhor atitude será recebê-lo com simpatia, disposição e otimismo.
Redija usando argumentos fortes e consistentes. O floreio e o enche linguiça nada acrescentam à qualidade do texto de uma redação.
O tema é o assunto sobre o qual se escreve, ou seja, a idéia que será defendida ao longo da dissertação. Deve tê-lo como um elemento abstrato. Nunca se refira a ele como parte do texto.
Não fuja do tema proposto, nem invente títulos, escolhendo outro argumento com o qual tenha maior afinidade. O distanciamento do assunto pode custar pontos importantes na avaliação da redação.
Não fugir do tema significa abordá-lo da maneira como foi proposto, isto é, nem restringindo demais a abordagem nem extrapolando para assuntos que não tenham relação direta com ele.
Se o seu objetivo é ser favorável à privatização das estradas, use argumentos sólidos que justifiquem o porquê de sua posição. Tente convencer o leitor e mantenha clara a sua opção.
Se o tema for “O clima do Brasil”, não adiantará fazer uma obra-prima versando sobre “O clima de Minas Gerais”, porquanto o seu trabalho resultará inútil. Os corretores vão considerar que houve fuga ao tema proposto. Sabe qual a nota que terá nesse caso? ZERO!
Quais os temas que podem cair nas provas de Redação? A tendência das bancas examinadoras tem sido solicitar dois tipos de temas: objetivos, os relacionados aos problemas atuais, presentes na mídia (sociais, tecnológicos, econômicos, etc.);  subjetivos, os que envolvem o comportamento e o sentimento das pessoas.
238ª. TEMPO.
Não acelere o ritmo para acabar logo a redação nem demore demais para não perder tempo.
239ª. TEMPOS VERBAIS.
Procure tirar proveito da mudança dos tempos verbais, usando-os, por exemplo, para fazer generalizações.
O larápio não deixou de roubar após ter passado um bom tempo na prisão. Ora, por esse caso podemos ver que nem sempre a prisão recupera os criminosos.
240ª. TEORIA.
Se precisar provar a alguém, ou a você mesmo, uma teoria, use o raciocínio lógico e, se for o caso, hipotético.
Democracia verdadeira não existe sem educação. O indivíduo sem estudo é presa fácil do engodo, da retórica vazia, das promessas irrealizáveis. Imagine alguém que mal sabe escrever o nome ouvindo o discurso embolado de um de nossos políticos. Poderá julgar com clareza o que estão lhe dizendo, avaliando a proposta que melhor satisfaz aos seus interesses?
241ª. TERCEIROS.
Não utilize exemplos contando fatos ocorridos  com terceiros, que não sejam de domínio público.
242ª. TEXTO.
O fato que contou, em seu texto, é interessante? Gostaria de ouvi-lo de outra pessoa? Tenha sempre senso crítico.
Não utilize os termos “eu acho”, “penso”, “para mim”, etc. O texto já é sua opinião pessoal, não precisa enfatizar, ser repetitivo. Em vez de escrever “Eu acho a internet legal”, escreva: “A internet é legal”.
Não use expressões como “vou ir” e “de leve”, mas, sim, “irei” e “levemente”.
243ª. TÍTULO.
Evite o uso das aspas no título.
Pule uma ou duas linhas entre o título e o início do texto.
Evite iniciar a redação com as mesmas palavras do título.
Os títulos devem ser escritos de forma abreviada (resumida).
Não há pontuação após o título, a não ser que seja frase ou citação.
Coloque o título centralizado (no centro da folha), antes do início da redação.
É uma expressão, geralmente curta e sem verbo, colocada antes da dissertação.
Em títulos de redação, por questão de ênfase, usam-se iniciais maiúsculas:
Minhas Férias de Julho, Nossa Visita ao Frisuba.
Não coloque a palavra título antes do TÍTULO nem o termo FIM ao terminar a redação. O óbvio não precisa ser explicado.
244ª. “TRANSPIRAÇÃO”.
É a hora da montagem do texto, a escolha do que deve ficar e do que deve sair.
Após a seleção das ideias que serão usadas, ordene as frases, percebendo a diferença entre o principal e o secundário, hierarquizando  a sequencia de parágrafos de modo a tornar claro o seu texto.
245ª. TRAVESSÃO.
Na redação, o travessão tem a função dos parênteses ou das vírgulas usadas em dupla, sendo empregado para separar expressões intercaladas.
Pelé — o maior jogador de futebol de todos os tempos — hoje é um empresário bem-sucedido.
A sociedade precisa lutar por conquistas sociais - tão prometidas pelos governos, mas nunca concretizadas - a fim de ver reduzidas as diferenças entre pobres e ricos.

246ª. U, V.
Faça-os com clareza e nitidez porque, caso contrário, o U ficará parecendo o V.
247ª. ÚLTIMO.
Evite escrever “último”, no sentido de “mais recente”.
248ª. UNIDADE
A redação deve ter unidade, por mais longa que seja. Trace uma linha coerente do começo ao final do texto. Não pode perder de vista essa trajetória. Muita atenção no que escreve para não fugir do assunto.
    249ª. VERBO.
Evite o emprego de verbos auxiliares.
Faça a concordância correta dos tempos verbais.
Evite o uso de verbos genéricos, como “dar”, “fazer”, “ser” e “ter”.
Flexione corretamente os verbos quando for usar o gerúndio ou o particípio.
O verbo “fazer”, no sentido de tempo, não é usado no plural. É errado escrever: “Fazem alguns anos que não leio um livro”. O certo é:  “Faz alguns anos que não leio um livro”.
Os verbos defectivos não possuem todas as pessoas conjugadas. O presente indicativo do verbo “adequar” só apresenta as formas de primeira e segunda pessoas do plural (adequamos, adequais). As outras simplesmente não existem, não adianta inventar. Logo, nada de sair por aí dizendo (ou escrevendo) coisas como: “Eles não se adequam ao meu sistema de trabalho” ou: “Eu não me adequo ao seu modo de pensar”. No caso, use o verbo equivalente: “adaptar”.
250ª. VÍRGULA.
Vêm, geralmente, entre vírgulas: isto é, ou seja, a saber, etc.
Coloque-a bem próxima da última letra da palavra (e não distante).
Leia os bons autores e faça como eles: trate a vírgula com bons modos e carinho.
Nunca coloque vírgula entre o sujeito e o verbo, nem entre o verbo e o seu complemento.
Só com a leitura intensiva se aprende a usar vírgulas corretamente. As regras sobre o assunto são insuficientes.
É o sinal de pontuação mais importante e que tem maior variedade de uso. Por essa razão, é o que também oferece mais oportunidade de erro.
Coloque a vírgula com clareza, a saber, um pontinho com uma perninha levemente voltada para a esquerda, e não um tracinho ou um risquinho qualquer.
As vírgulas, quando bem empregadas, contribuem para dar clareza, precisão e elegância às frases. Em excesso, provocam confusão e cansaço. Frase cheia de vírgulas está pedindo um ponto.
251ª. VOCABULÁRIO SIMPLES.
Algo fantástico para enriquecer o seu vocabulário? Palavras cruzadas.
A limitação do vocabulário não impede um raciocínio inteligente e incisivo.
Use uma linguagem simples, empregando, somente, as palavras cujo sentido você conhece bem. Não fique inventando, querendo usar vocábulos difíceis, cujos significados nada têm a ver com o que está escrevendo.
252ª. VOZ ALTA.
Após fazer uma redação, leia o texto em voz alta, várias vezes. É uma boa técnica para descobrir seus erros.
    253ª. VOZ ATIVA.
Opte pela voz ativa. Ela deixa o texto esperto, vigoroso e conciso. A passiva, ao contrário, deixa-o desmaiado, flácido, sem graça. Em vez de: A redação foi feita pelos alunos da 4ª série, prefira: Os alunos da 4ª série fizeram a redação.
254ª. VOZ PASSIVA.
Use a voz passiva quando quiser realçar o paciente da ação, transformando-o em sujeito (embora não aja).
A porta foi aberta com violência.
A.255ª. VULGAR.
Não seja vulgar nem use termos considerados chulos e obscenos (palavrões). Gírias e expressões populares, só entre aspas. Os assuntos devem ser trabalhados com certa distinção e delicadeza.
256ª. ZEUGMA.
É a omissão de um termo anteriormente expresso, ainda que em flexão diferente.
Eu jogo futebol; ela, basquete.
Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários de Sadan.



O comentário no início, sobre o MANUAL DE TÉCNICAS DE REDAÇÃO, foi feito pela professora Maria Afonsina Ferreira, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia—UESB, lotada no Departamento de Estudos Lingüísticos e Literários da Faculdade de Formação de Professores de Jequié, BA.  E, finaliza: “A propósito de sua obra, no momento em que se destina a estudantes (pré-vestibulandos ou concursistas), é ótima. Parabenizo-o pela iniciativa e pelo interesse em construir algo de útil em prol do ensino da redação.”


Pesquisadas em centenas de obras literárias e de SITES da Rede Mundial de Computadores-Internet, algumas delas condensadas ou ampliadas, revisadas (inclusive gramaticalmente), atualizadas, elaboradas e organizadas por Prof. JOSÉ CARLOS DUTRA DO CARMO. E-mail: minha-historia@acserv.com.br

Veja, abaixo, um fragmento do 106º capítulo do meu livro MINHA HISTÓRIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO, ainda no prelo.
São dezenas de páginas com fortes emoções e revelações surpreendentes, corajosas e imperdíveis, sobre os bastidores da Justiça do Trabalho.
Pela primeira vez, na história editorial do Brasil, um livro, em sua edição inicial, já sai com 25 referências elogiosas.
    Quem quiser adquiri-lo, pela quantia de R$ 50,00, basta enviar-me endereço completo, por meio do e-mail minha-historia@acserv.com.br, que receberá o exemplar pelo Serviço de Reembolso Postal.
    Por favor, a você, que está recebendo este arquivo, solicito a especial gentileza de divulgar o livro MINHA HISTÓRIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO aos seus colegas, amigos e parentes, pelo que lhe antecipo meus sinceros e mais profundos agradecimentos.

VEJA, A SEGUIR, UM FRAGMENTO DO 106º CAPÍTULO DO MEU 3º LIVRO MINHA HISTÓRIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO, ainda no prelo.
OFÍCIO.
Desde que tomei posse na Justiça do Trabalho, há mais de quinze anos, vejo a frase abaixo encerrando ofício assinado por magistrado e sempre considerei que alguns termos nele usados são, no mínimo, muito estranhos, desconexos e que nunca soaram bem aos meus sensíveis ouvidos.
Cada vez que me deparo com uma construção desse tipo, vejo-me diante de um emaranhado de palavras absolutamente sem sentido,  que conduzem aquele que escreve e o leitor a lugar nenhum.
É um crime praticado contra a palavra, o equilíbrio, a harmonia de sons, o belo, enfim, uma agressão à eufonia e à suave musicalidade que somente os textos bem construídos podem proporcionar ao ledor mais sensível.
E não é que os Diretores de Secretaria das Varas do Trabalho adoram usá-la?!
A seguir, a reprodução da pérola!
“Renovo a V. Exa. os protestos de elevada estima e consideração.”
Ora, tal fecho revela a forma artificial e pedante como a Língua Portuguesa às vezes é tratada.
Valho-me de uma Reportagem da Revista Veja, Seção: Cultura, Falar e escrever, eis a questão; edição 1.725, páginas 104 a 112, do dia 7.11.2001, cujo enfoque tem bastante relação com a frase acima.
Na referida matéria, avalia um professor universitário de São Paulo:
“Num país com tantas carências educacionais, falar de maneira rebuscada é indicador de status, mesmo que o falante não esteja dizendo coisa com coisa.”
(Francisco Platão Savioli, Professor da USP, autor da excelente GRAMÁTICA EM 44 LIÇÕES).
Não é preciso fazer grande esforço para perceber que o que o Professor Savioli apontou com relação à fala pode ser estendido para a escrita e com muita propriedade em relação às aberrações cometidas por certos  inventores do meio jurídico brasileiro.
Continua a reportagem:
“O português empolado (pomposo) persiste, no entanto, até hoje, em formas degeneradas.
Uma delas é o chamado burocratês, a linguagem dos memorandos das empresas, nos quais mesmo para solicitar a compra de uma caixa de clipes são necessárias várias saudações e salamaleques.”
Saiba o leitor que na Justiça do Trabalho não é diferente. Mas vou morrer lutando para que a mentalidade tacanha dos colegas mude.
Pergunto às pessoas que adoram complicar tudo: Atenciosamente ou Cordialmente não seriam fórmulas mais do que adequadas e suficientes, na sua clareza e simplicidade, para o fechamento do ofício?!
Os vocábulos protestos e  elevada, em especial, no trecho referido, não seriam exemplos típicos das empolações e salamaleques mencionados pela reportagem?!
Ressalte-se a advertência da matéria:
“As novas gerações de advogados perceberam que o discurso empolado, muitas vezes, atrapalha a argumentação lógica.”
Espero, da mesma forma, que de Diretores de Secretaria também!
Nesse ponto, alguém poderia alegar: todos usam a referida expressão, no meio jurídico, no Brasil inteiro!
E daí?! A repetição do vício, porém, não o torna uma virtude.
No caso em pauta, ocorre que a maioria das pessoas reproduz um comportamento lingüístico sancionado por nossa cultura bacharelesca, é verdade, mas, ainda assim, reprovável do ponto de vista do bom uso da linguagem!
A cultura meramente acadêmica, de incentivo à prepotência e à arrogância, não deveria ser aceita sob nenhum pretexto.
É oportuno lembrar que a maioria dos alemães apoiava o facínora e o monstro Hitler.
Não é preciso ser nenhum teólogo para saber, recorrendo-se à Bíblia, que o povo absolveu Barrabás e condenou Jesus Cristo!
Nem sempre a voz do povo é a voz de Deus!
Não quero provocar polêmica, mas todos os católicos adoram santos, apesar de na Bíblia haver várias passagens condenando esse tipo de heresia. Será que o mandamento que diz: “Não adorarás nem farás para ti imagens e esculturas” nada vale?!
Embora todo o respeito que tenho à hierarquia — porque sou um funcionário disciplinado —, não posso me omitir: quem elabora um ofício desses, recheado de burocratês, e o leva com o desfecho já mencionado para um Juiz assiná-lo, certamente o está induzindo ao erro, sem sombra de dúvida!
Zé Carlos está querendo mudar o mundo?! Não, de jeito nenhum!
Sempre foi dito aos funcionários, por todos os Diretores de Secretaria que passaram pela Vara do Trabalho de Ipiaú, que  o servidor não deve realizar uma tarefa de forma autômata, como um robô.
E como sou um funcionário público cioso dos meus deveres, caprichoso, dedicado, criativo e inovador, não me acomodo jamais. Antes, busco a perfeição em tudo o que faço.
Como recompensa, já recebi elogio exclusivo de um Corregedor do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região.
Perceba, leitor — especialmente  você, funcionário da Justiça do Trabalho —, como nossa língua às vezes é tão maltratada!
Que ninguém fique melindrado nem ofendido com os despautérios apontados, mas, ao contrário, procure corrigir-se!
Considere que errar é humano, mas permanecer no erro é diabólico.
E indo um pouco mais longe, quem sabe se permanecer no erro não é descuido, falta de interesse, relaxamento, preguiça física e mental, carência fosfática, etc.